Por Ônibus Paraibanos
Imagens Acervo
Lançado em 1983 junto com outras marcas de referência da Marcopolo, como o Viaggio, o Paradiso e o Torino, o Senior substituiu o Junior como microônibus da encarroçadora gaúcha. Hoje está em seu sexto modelo, com detalhes diferenciados para as aplicações urbana, rodoviária e fretamento. Contando a história deste carro, que no início da década passada pertencia a Transportes Meireles, que operava a linha rural de Santa Rita a Lerolândia. Por ele vamos entender o primeiro Senior da Marcopolo, com um exemplar até hoje presente nas ruas do interior paraibano.
O primeiro Senior não tinha, podemos dizer assim, uma frente padrão; seguia um desenho que remetia aos traços da marca. No caso deste Mercedes-Benz 708-E, remetia aos automóveis da marca na época. Os modelos Volkswagen oriundos de seus caminhões – à época, a Volkswagen ainda não havia lançado uma linha dedicada para ônibus, o que só foi ocorrer em 1993 – possuíam frente que, apesar de seus dois faróis redondos, lembrava a frente da cabine de seus recém-lançados caminhões. E ainda existiu o modelo FB-4000, com chassi Ford, vendido com essa nomenclatura, mas que era o próprio Senior com frente remetendo ao Cargo e uma traseira com inclinação e um conjunto de faróis que ocupavam a maior parte da traseira.
Esta unidade da Transportes Meireles foi encontrada em Guarabira, mas levemente modificada pelo novo proprietário, que adicionou faróis do Chevrolet Opala no veículo, substituindo o esquema “560SL” do Senior Mercedes-Benz.
Esse Senior 1983 da Meireles – de fabricação 1988, portanto um dos últimos – não é e nem foi o único da Paraíba. Ainda rodaram dois pela Aroeirense, que operava a linha de Campina Grande para Aroeiras: o 2702, cuja última foto é essa:
E o 2703, intacto, mas com faróis da versão 1999 do modelo. Foi fabricado em 1985. Todos dois encarroçados em chassis LO-608D.
O Senior foi um dos modelos que revolucionou o mercado de microônibus no Brasil, e segue sendo um dos modelos mais requisitados de sua categoria. E é essencial relembrar por estes ônibus paraibanos como essa história começou, com um modelo arrojado para a sua época, começando a ganhar traços próprios, mas ainda sem perder as características de design frontal das encarroçadoras. A concorrente à época, o CAIO Carolina, que teve sua reestilização lançada um ano depois do Senior, também tinha a sua frente do micro Mercedes-Benz que lembrava o automóvel W116 da montadora alemã.
Nos anos 1970, o primeiro CAIO Carolina foi vendido literalmente com a cara do caminhão 608D, a conhecida “mercedinha” de onde originava seu chassi. A montadora entregava os chassis para a CAIO com a frente do caminhão pré-montada; a encarroçadora terminava o resto, com linhas similares ao Gabriela. Mas antes dele, houve o Verona, um pouco mais baixo do que o primeiro Carolina.
Mas se engana quem pensa que essa era a única frente do primeiro Carolina. Sim, existiu uma versão em Volkswagen – e até Puma, com essa frente:
O veículo acima consta como Volkswagen no Sinesp – e até há um emblema da marca alemã visível -, mas a frente é baseada nos caminhões da Puma. Há relatos até que se trate de um, visto a motorização dos chassis Puma ser a mesma dos VW, empregando motores MWM.
Voltando ao segundo Carolina, o desenho do farol “estilo W116” era restrito a moldura do pisca e a seu farol quadrado. Com os chassis da Volkswagen, essa característica já mudava: o pisca era o mesmo do modelo Mercedes-Benz, mas sem a moldura, e o farol quadrado dava lugar a um redondo, tal qual os seus caminhões tinham à época.
O CAIO Carolina ainda recebeu chassi Puma AMV 916, com esquema de frente idêntica ao empregado nos modelos da Mercedes-Benz, mas com o pisca duplo herdado do CAIO Vitória. Esse mesmo esquema também foi empregado em chassis Volkswagen.
A Marcopolo fez a primeira reestilização do Senior em 1989, e a CAIO fez a sua reestilização do Carolina em 1995, mantendo a base de suas estruturas, mas desenvolvendo designs únicos independente de que chassis recebessem.