Motorista?

Fonte: Canasvieiras  Foto: Divulgação A alguns anos atrás, você precisava de algumas informações para dirigir um ônibus: se a luz do óleo ou da temperatura acender, pare e confira o agregado. ...
Fonte:
Canasvieiras
 
Foto: Divulgação
Painel
A alguns anos atrás, você precisava de algumas
informações para dirigir um ônibus: se a luz do óleo ou da temperatura acender,
pare e confira o agregado. Olho na velocidade e na faixa verde da rotação troque
a marcha. Você sabe cambiar, tem noção de espaço, ótimo! Seja bem vindo!

Ao longo dos anos, duas coisas mudaram a vida dos motoristas e dos processos de
seleção de motoristas: tecnologia e clientes. A tecnologia veio para ficar.
Veja, na foto temos o painel do OF1721 modelo Euro 5. Pois bem, temos que o
nível do arla está por volta de 75%, temos o alerta ligado, freio de mão ativo,
uma falha grave detectada, temperatura do motor por volta de 28º, segundo
estágio do freio estacionário ativado, sistema pneumático com pressão
insuficiente para liberação das rodas e caixa no neutro. Opa, sim, os painéis
hoje tem tantas informações que um curso só para leitura e interpretação de
painéis é mestrado anualmente a todos os motoristas da empresa.


Se você andar nos corredores da manutenção, vai estranhar a quantidade de
eletricistas, técnicos, fios e terminais. Sim, atualmente, a manutenção de
ônibus está muito mais focada na parte eletrônica do que nunca. As manutenções
conhecidas, como freio, motor, hoje, são muito mais preventivas e preditivas.
Estes agregados, ao longo dos anos, passaram a ter muito mais resistência e o
conhecimento, atrelado ao uso da eletrônica em seu monitoramento, reduziram
severamente os problemas e as trocas “desnecessárias” ao longo de sua
vida.

Os ônibus hoje tem computador de bordo. Um motorista treinado, ao receber um
aviso como o da imagem, navegando pela interface consegue em poucos segundos
informar a um setor de socorro, por exemplo, um código de falha que já
demonstra a equipe em garagem o que vai encontrar: se precisa interromper a
viagem, ou mesmo se o ônibus pode prosseguir e ser trocado no terminal.

Porém, isto leva a um fato: o perfil do motorista mudou. O entendimento de
questões básicas de manutenção, do uso de computadores e outros é um requisito
cada vez mais presente. A operação do equipamento hoje, mais do que nunca, deve
ser compreensiva entre o equipamento e o operador. Compreender o ônibus evita
falhas, melhora o uso dos insumos e garante a segurança dos clientes.

Outro item que mudou é o cliente: o cliente do transporte coletivo hoje, é um
ser crítico e atuante. Não queremos aqui desacatar nenhum cliente, do passado,
presente ou futuro, por favor. A questão é que hoje, o cliente tem acesso a
informações que nunca teve. A compreensão dos conceitos de mobilidade e outros
itens que consideramos muito importantes levam a um perfil diferente de
atendimento pelo motorista. Muitos clientes tem extensa noção do uso do
veículo, dos conceitos de direção econômica. Observando o motorista, podem até
emitir um diagnóstico ao SAC da empresa, e realmente o fazem. Os clientes não
toleram mais uma direção perigosa, velocidade, erros em trocas de marcha. Isto
não é compatível com o que chamamos de transporte coletivo moderno.

A grande realidade hoje são longas filas, falta de mobilidade, stress, atrasos.
Neste cenário, a educação do motorista é, por muitas vezes, toda a diferença
que a empresa pode fazer no serviço. Um bom dia, uma informação correta, uma
atenção sincera a dúvida do cliente. O motorista hoje, deve ter em mente que a
profissão evoluiu. Dirigir o ônibus é parte importante da real vocação: atender
pessoas, transportar passageiros e garantir acima de tudo, a segurança e
satisfação dos clientes. Criar um ambiente socialmente agradável dentro do
veículo.

Se o comércio moderno hoje defende que a venda deve ser consultiva, ou seja,
focada nas necessidades do comprador, não é errado citar que hoje o motorista
deve também ser consultivo, focado nas necessidades e segurança dos
passageiros. Hoje, guiar adequadamente continua sendo uma arte, mas cada vez
mais considerada como o “mínimo esperado”. Agora, um bom atendimento
sim, é toda a diferença que se espera ao adentrar em um ônibus. “Um bom
dia para você também, e uma boa viagem”.