Pégaso, Real e outras empresas tiveram seus bens bloqueados em ação sobre suposta fraude em licitação

Decisão da Justiça obtida pelo Ministério Público estadual determina indisponibilidade de quase R$ 752 milhões dos envolvidos. Defesa diz que Paes não foi ouvido e que confia que a decisão será ...
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Por G1
Imagens JC Barboza / Adriano Minervino

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu bloquear, nesta terça-feira (20), bens do ex-prefeito Eduardo Paes, do Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio (Rio Ônibus) e de empresas que formam consórcios na área de transportes do município.

No total, a determinação é para o bloqueio de mais de R$ 752 milhões dos envolvidos.

Na ação civil pública, o Ministério Público (MPRJ) acusa os envolvidos de irregularidades na licitação e nos contratos de concessão do serviço público de transportes por ônibus do município do Rio.

A defesa diz que Paes não foi ouvido e que confia que a decisão será revogada após esclarecimentos (veja a íntegra da nota no fim da reportagem). Eduardo Paes foi prefeito do Rio por dois mandatos, até o fim de 2016, e é candidato este ano novamente.

A decisão também alcança o ex-secretário municipal de Transportes Paulo Roberto Santos Figueiredo.

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Real Auto Ônibus

O desembargador que relatou o caso na 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, Gilberto Matos, afirmou que após analisar a ação do Ministério Público, entendeu que as concessionárias teriam sido beneficiadas por subsídios e valores acrescentados à tarifa de ônibus, o que segundo a decisão é ilegal e prejudicou passageiros.

O magistrado definiu que devem ficar indisponíveis bens Eduardo Paes, do ex-secretário Paulo Roberto Santos Figueiredo, e da Rio Ônibus que somados atingem o total R$ 240.340.982,32.

Também foi determinado o bloqueio de bens de até R$ 511.734.606,00 dos consórcios Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz, e das respectivas empresas líderes Real Auto Ônibus Ltda, Viação Nossa Senhora de Lourdes S/A, Viação Redentor LTDA e Expresso Pégaso LTDA.

Na ação, o MPRJ afirma que identificou elementos que apontam para o direcionamento do edital do processo licitatório em favor das empresas que já atuavam no ramo de transporte público de ônibus.

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Viação Nossa Senhora de Lourdes

Esses contratos teriam sido fraudados para manter um “verdadeiro oligopólio instituído no setor”. Os promotores também dizem que foi descoberta, também, a prática de “custeio em duplicidade das gratuidades no transporte por ônibus intermunicipais”, que trouxe prejuízos aos cofres públicos.

Segundo o MP, houve “dupla oneração dos usuários pagantes do transporte por ônibus”. A Justiça determinou que os valores declarados bloqueados devem servir para ressarcir o município.

O que dizem os citados

Veja a nota da defesa de Eduardo Paes: “O processo baseia-se em relatório feito, por encomenda, pelo vereador Tarcísio (PSOL), adversário político de Eduardo Paes, que se utiliza politicamente da Justiça para prejudicá-lo. O MP questiona o pagamento, pela prefeitura, da gratuidade nas passagens de ônibus concedida aos estudantes da rede municipal. Não há, no processo, qualquer acusação de corrupção. O Tribunal de Contas do Município já examinou e rejeitou os questionamentos feitos no processo. Infelizmente, a decisão foi tomada sem que antes Eduardo Paes tenha sido chamado para se defender. Eduardo Paes segue confiando na Justiça e que, após prestados os esclarecimentos necessários, a decisão será revogada.”

G1 tenta contado com os outros citados na reportagem.