Ex-funcionários da Viação Itapemirim realizam protesto fechando garagem

Funcionários foram dispensados no final de março, quando o grupo demitiu vários funcionários em virtude dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, mas alegam que até hoje não receberam nada.
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Por Portal Maratimba
Imagem JC Barboza
Vídeo Divulgação

Funcionários que foram demitidos das viações Itapemirim e Kaissara, empresas do Grupo Itapemirim que estão em recuperação judicial, fizeram um protesto na tarde desta terça-feira (09) reclamando o pagamento das verbas rescisórias a que tem direito. Os  manifestantes fecharam a garagem da empresa em Viana, impedindo os ônibus de saírem, e também tentaram impedir veículos de partirem da Rodoviária de Vitória.

Eles foram dispensados no final de março, quando o grupo demitiu vários funcionários em virtude dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, mas alegam que até hoje não receberam nada.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Espírito Santo (Sindirodoviários), a maioria das pessoas que estão protestando foram demitidas e estão a quase 4 meses sem receber uma resposta da empresa.  O diretor jurídico do sindicato, Wagner Fernandes Vieira, disse que cerca de 25 funcionários participaram do ato contra a empresa e que número não é maior para evitar aglomeração.

“Começamos na garagem na Itapemirim, mas como alguns ônibus saem à tarde da Rodoviária de Vitória, vamos para lá também. Vamos impedir que todos os carros circulem no Estado”, afirmou.

De acordo com o sindicato, a Itapemirim fretou ônibus de outras empresas para realizar suas viagens, mas esses também foram impedidos de deixarem a rodoviária. A Polícia Militar e Guarda Municipal estão no local para evitar possíveis confusões entres os ex-funcionários e passageiros.

A CRISE

A 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais em São Paulo decidiu em maio que os valores levantados pelo grupo em leilões de imóveis, que são definidos no âmbito da recuperação judicial, fossem invertidos em caráter excepcional. Dessa foma, 80% serão utilizados para o custeio da operação da empresa e só os 20% restantes para o pagamento de credores.

Com isso, a Itapemirim conseguiria pagar os salários dos funcionários, o que não vem ocorrendo de acordo com a categoria.  É importante lembrar ainda que a empresa vem de uma longa novela de recuperação judicial e briga entre proprietários e interventores. A empresa tem dívidas com quase 1,5 mil pessoas físicas e jurídicas.

Ainda de acordo com o sindicato da categoria, além dos ex-funcionários, quem continuou na empresa está sem receber desde março. A empresa assinou com esses trabalhadores a medida provisória para redução do salário em 75%. Desde então, eles só recebem o Benefício Emergencial (BEm).

“Nos últimos 90 dias eles só receberam duas parcelas de R$ 500, pelo BEm. Está difícil para esses trabalhadores porque muitos pagam aluguel, têm que comprar comida, e alguns estão com a esposas doentes. Há 60 dias a empresa pediu 10 dias para regularizar a situação, mas até agora nada”, disse Vieira.

Confira a nota da Itapemirim sobre o fato:

Devido à pandemia que assolou o mundo e o Brasil, a nossa empresa sofreu queda em seu faturamento na ordem 90%, o que nos atingiu de forma extremamente drástica. Porém, com muita dificuldade, estamos retomando o mercado de acordo com as liberações de Estados e Municípios.

Estamos trabalhando arduamente para buscar o equilíbrio e reestruturação por conta da forte crise que tomou conta de todo o planeta – e, em particular, de nosso país. Nosso principal consumidor é formado por pessoas em trânsito sendo que, há mais de três meses, elas deixaram de sair de casa e proibidas de se aglomerar.

O Grupo Itapemirim sempre honrou seus compromissos, foi e é comprometido com seus funcionários, que são o nosso maior patrimônio.

Mas o momento está difícil para todos e esperamos a colaboração dos funcionários, prestadores de serviços e terceiros para que nossa empresa enfrente esse momento e possa restabelecer as atividades de maneira ordenada.