De Gazeta Online
Por Luísa Torre
Imagem JC Barboza
Embora esteja endividada e pagando salários atrasados, a Viação Itapemirim vai investir R$ 200 milhões até o fim do ano. Serão 400 novos ônibus na frota da empresa e pelo menos 400 novos postos de trabalho abertos no Estado e no país, segundo donos da empresa.
Com dívidas trabalhistas, tributárias e com fornecedores da ordem de R$ 1,3 bilhão, o Grupo Itapemirim entrou em recuperação judicial em março de 2016. O processo ainda corre, mas em novembro o grupo foi vendido pela família Cola para os novos sócios, os empresários de São Paulo Sidnei Piva de Jesus e Camila de Souza Valdívia.
O negócio, no entanto, virou uma briga na Justiça. Enquanto os antigos donos os acusam de fraude e pedem a empresa de volta, os atuais controladores se defendem, mostram documentos e alegam que agiram estritamente dentro da lei, conforme A GAZETA revelou numa série de matérias exclusivas publicadas desde domingo.
Os novos sócios, no entanto, já têm planos para a empresa. A sócia e diretora administrativa e financeira da Viação Itapemirim, Camila de Souza Valdívia, afirmou, em entrevista, pessoalmente, que o grupo já comprou 16 ônibus de um andar e 9 ônibus de dois andares. Até o fim do ano, serão 400 novos veículos com wi-fi a bordo.
“Fizemos uma intenção de compra de 400 ônibus. Estamos viabilizando esses recursos e captando recursos dentro da empresa”, afirma. “Queremos no mínimo chegar à frota entre 1.100 e 1.200 ônibus, condizente com o número de linhas que a empresa tem. Pelo menos 400 funcionários serão contratados”, complementa Camila.
Os ônibus mais antigos, que estão próximos em dez anos de uso, vão ser substituídos. Ela conta também que a empresa está desenvolvendo um novo app de venda de passagens e check-in eletrônico.
A diretora ressalta que vários investimentos já foram feitos para reativar a operação da empresa. “A garagem de Feira de Santana (BA) não existia mais, era uma parada num posto de gasolina sem estrutura. Nós reformamos a garagem e fizemos alojamento”, observa.
Além disso, ela afirma que foi retomado o abastecimento dos coletivos em bases próprias, “desonerando o valor pago no litro de óleo diesel em R$ 0,15”. Hoje, segundo a diretora, 76% da frota é abastecida em tanques dentro das garagens.
Camila ainda aponta que a intenção do grupo empresarial é entrar no setor de transporte aéreo, tanto na área de cargas quanto de passageiros.
“A Itapemirim nunca foi uma empresa quebrada, ela foi má administrada”, diz a nova sócia. Ela também destaca que a nova gestão regularizou salários, que quando eles chegaram estavam há quatro meses atrasados.
Atrasos
Os salários que haviam sido regularizados em novembro, no entanto, voltaram a ficar em atraso a partir de março, dizem sindicatos que representam trabalhadores da Itapemirim.
De acordo com o diretor do Sindiroviários-ES, Uedilson da Vitória, os salários deste mês do pessoal dos setores administrativo e de manutenção ainda não foram pagos. “Informaram que só vão pagar quinta ou sexta”, diz.
Em Cachoeiro, os trabalhadores também enfrentam atrasos, explica o presidente do Sindimotoristas, Elias Brito Spoladore.
“Estive na empresa hoje (ontem), e a informação que tive é que os salários do pessoal da manutenção foi pago hoje (ontem) e que o pessoal do administrativo vai receber amanhã (hoje). Em relação ao tíquete-alimentação, que os funcionários estão há dois meses sem receber, houve uma promessa de que será pago esta semana”, afirma.