De Ônibus Paraibanos
Por Kristofer Oliveira
Revisão Josivandro Avelar
Imagens Acervo histórico Paraíba Bus Team
Neste domingo, dia 18 de junho, a Transnacional completa trinta anos de existência na cidade de João Pessoa. Não se tratou do começo de um empreendimento do Grupo A. Cândido, mas sim o marco da sua expansão fora da sua matriz no segmento de transporte urbano, consequência do seu sucesso administrativo que já se encontra na terceira geração familiar.
Dentro de uma época de incertezas, inflações elevadas e após o fim do governo militar com a reestruturação do sistema presidencialista no país (ou da democracia, como preferirem), o cenário no país e dentro de João Pessoa para empreender não era dos melhores. No transporte público, as empresas ainda estavam se recuperando das dificuldades enfrentadas no início dos anos 80. Algumas fecharam e foram adquiridas por outras. Pode-se dizer que apenas a Etur, Mandacaruense e a Marcos da Silva estavam estáveis.
Para a Transnacional operar aqui, ela adquiriu a empresa Nossa Senhora das Neves, assumindo sua frota e o prefixo 07xx. Sequer fez quatro anos que a própria NSN tinha surgido após adquirir a RB Transportes.
203 – José Américo
206 – Mangabeira
207 – Penha
301 – Mangabeira (direto)
302 – Bancários
303 – Mangabeira (por dentro)
304 – Castelo Branco
514 – José Américo
515 – Mangabeira (por dentro)
516 – Mangabeira
517 – Castelo Branco
518 – Bancários
No começo aproveitou-se da identidade da NSN, apagando apenas o seu nome e colocando o da Transnacional. Paulatinamente os ônibus passaram por melhorias e recebiam a identidade visual marcante até hoje com as três listras.
Tempos de greve, inflação e consolidação da frota
O fim dos anos 80 até a implantação do Plano Real em 1994 não existia tranquilidade após sequências de desastres de políticas governamentais que tentava colocar um freio na inflação. A moeda se desvalorizava muito rápido, o salário perdia o poder de compra mesmo com os gatilhos previstos, e a inflação subia rapidamente, consequentemente, as passagens de ônibus também eram reajustadas. As greves eram muito comuns e a insatisfação popular reinava, com toda razão. Os operadores de ônibus também abraçavam a causa popular e os ônibus paravam, além de ocorrer muita manifestação contra os aumentos das passagens. Diferente das manifestações atuais contra reajustes de centavos, antigamente era uma questão de sobrevivência o preço da passagem, tinha um peso muito maior na renda familiar, considerando as características sociais da época.
Ainda nos anos 90, com a moeda brasileira já estabilizada, vieram entre os Torino GV, Torino 1999 e Senior 2000, Ciferal Cidade I e Busscar Urbanus, nas versões 1994, 1995 e 1997, além dos Urbanuss no serviço Bus Shopping que vieram no ano 2000 (remanejado da matriz campinense).
No início dos anos 2000 veio a última compra sem ser da Marcopolo, com Busscar Urbanuss Pluss, que vieram consigo em parte dessa frota com itinerário eletrônico frontal. Desde então só foram adquiridas carrocerias da Marcopolo, com os modelos Senior 2000, Senior Midi, Torino 1999, Torino 2007, Torino 2014 e o Viale.
Ainda em relação a frota
Os modelos mais adquiridos foram os Torino nas versões 1989, GV e 2007, mas nenhum outro bate o Viale, que foi adquirido entre 2001 e 2011 zeros, sendo a partir de 2009 apenas articulados e trucados. Entretanto, entrou Viale até 2016, retornando da TBS, bem como remanejados da matriz campinense.
São poucos os momentos em que a Transnacional adquiriu ônibus de outras empresas. Tirando os herdados das empresas adquiridas e os remanejamentos entre empresas do grupo, teve a aquisição de Caio Amélia oriundo da Candelária Madureira/RJ , Torino 1989 F-113HL oriundo de uma empresa soteropolitana que fechou as portas, Viale ex Mauá/RJ (do lote dos primeiros do modelo no país com motor dianteiro), Torino 1989 B58E de duas portas de origem desconhecida, Senior 2000 do sistema opcional ex Alpha/RJ e ex Tijuquinha/RJ e Torino 2007 ex Santo Antônio/RJ e ex Siará Grande/CE.
Atualmente existem vários ônibus ex-Transnacional espalhados pelo país afora, do Rio Grande do Sul até a região Norte do país.
A empresa vai crescendo conforme a população da cidade aumenta, sobretudo a de Mangabeira, que é um bairro em expansão. Nos anos 90 a empresa passa dos 100 carros, sua prefixação até a metade desta década chega ao 07156, embora com “buracos” na frota. Além da própria demanda, outras linhas são criadas ou passam a ser operadas por ela:
115 – Distrito (de 1994 a 1996)
203 – Mangabeira
208 – Cristo / Vale das Palmeiras
209 – Mangabeira / Rangel
210 – Mangabeira / Rangel
514 – Mangabeira
521 – Tambaú / Bessa
603 – Bessa
1510 – Circular
3200 – Circular (a partir de 1995)
Em 1994 a Reunidas é fundada, empresa-irmã da Transnacional, no qual passou a operar algumas de suas linhas, tais como 209, 210, 402, 521 e 1510.
No mês de maio de 1996, a Transnacional passa a operar as linhas da estatal Setusa, após vencer uma licitação, aglutinando ao seu quadro as linhas 002/A002 – Róger, 305 – Mangabeira, 601 – Bessa e as circulares 1500 e 5100. Com isso, a frota é ampliada, chegando a quase 180 carros. Somando a frota dos opcionais, a frota da empresa encerrou os anos 90 com aproximadamente 200 veículos.
Já nos anos 2000, a frota alcançou os 221 carros, sem nenhum “buraco” na frota. De linhas, entrou no seu quadro as I006, 209 – Cidade Verde, 2307 e 3207 (após a 207 passar a ser operada apenas no domingo e feriado) e 302 – Cidade Verde e a linha 5204 no sistema opcional (e em 2008 passando a operar também com veículos convencionais). A 305 acabou sendo extinta e a 513 junto com o sistema opcional passaram para Reunidas no fim de 2008. O destaque na frota nesta década foram os ônibus trucados e articulados, que aliviaram bastante as linhas de maior demanda, além dos Senior Midi climatizados do sistema opcional.O repasse do sistema opcional para a Reunidas acarretou na diminuição da frota, atualmente indo até o prefixo 07210. De 2010 em diante, as linhas 002/A002 foram repassadas a Santa Maria, as 603 e 2515 para Reunidas. Foi extinta a P008. As 209 e 514 foram fundidas criando as 2509 e 5209 e a 203 extinta, inicialmente agrupadas nas 2307 e 3207, porém três dias depois retornam a antiga forma para serem criadas as 2303 e 3203. Curiosamente, as linhas 604 e A600 já foram operadas pela Transnacional, sendo primeira compartilhada com a Mandacaruense e a segunda foi repassada a Reunidas para operar no sistema opcional. E a 500 também chegou a ser operada, após o fim do sistema opcional, mas não vingou e foi extinta. A linha 9902 foi a última a ser criada, em maio de 2016. Já a 207 ficou restrita a Mangabeira e o bairro da Penha, indo ao centro apenas uma vez ao ano na Romaria de Nossa Senhora da Penha.
As linhas operadas são as seguintes:
I006 – Bancários
201 – Ceasa
202 – Geisel
204 – Cristo
207 – Penha
208 – Cristo via Vale das Palmeiras
301 – Mangabeira
302 – Cidade Verde
303 – Mangabeira
304 – Castelo Branco
510 – Tambaú
511 – Tambaú
517 – Castelo Branco
601 – Bessa
1500 – Circular
2303 – Mangabeira
2307 – Penha
2509 – Cidade Verde
2514 – Mangabeira
3200 – Circular
3203 – Mangabeira
3207 – Penha
3510 – Bancários
5100 – Circular
5204 – Cristo
5206 – Mangabeira
5209 – Cidade Verde
5310 – Bancários
9902 – Mangabeira Shopping
A fase Unitrans e desafios futuros
Desde 2011 que os ônibus adquiridos vem com o logotipo da Unitrans. Ocorre que o transporte pessoense foi licitado e a Transnacional junto com a Reunidas são operadoras do consórcio supracitado. A frota não foi totalmente padronizada com o layout do consórcio e tudo indica que essa é a última prioridade.
O Portal Ônibus Paraibanos parabeniza os 30 anos de existência da Transnacional em João Pessoa, sendo uma parte importante na história do transporte da cidade.