Viação Itapemirim: a queda de um império – Briga pelo controle acionário da Itapemirim

De Gazeta on line Por Luíza Torre Imagens Diego Almeida A recuperação judicial e o processo de venda da Itapemirim abriu mais um capítulo na história da empresa. Com acusações mútuas dos antigos e ...
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De Gazeta on line
Por Luíza Torre
Imagens Diego Almeida

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A recuperação judicial e o processo de venda da Itapemirim abriu mais um capítulo na história da empresa. Com acusações mútuas dos antigos e novos sócios, a disputa pelo controle acionário da companhia virou imbróglio jurídico.

Com dívidas trabalhistas e com fornecedores de R$ 336,49 milhões, além de um passivo tributário de R$ 1 bilhão, o grupo Itapemirim entrou em recuperação judicial em março de 2016. No final do mesmo ano, a família Cola resolveu vender o controle acionário do grupo, que inclui seis empresas (Viação Itapemirim, Transportadora Itapemirim, ITA – Itapemirim Transportes, Imobiliária Bianca, Cola Comercial e Distribuidora e Flecha Turismo Comércio e Indústria) para as empresas SSG Incorporação e Assessoria e CSV Incorporação e Assessoria Empresarial, cujos sócios são Sidnei Piva de Jesus e Camila de Souza Valdívia.

No negócio firmado, os novos sócios não pagariam valores à família Cola, mas assumiriam todas as dívidas do grupo. Camilo Cola Filho, ex-presidente da empresa, afirma que Sidnei e Camila se apresentavam como empresários que tinham R$ 5 bilhões em créditos tributários, o que iria sanar as contas da empresa.

A família Cola, no entanto, acusa os novos sócios de não terem honrado o acordo. Eles alegam que o processo de compra e venda não é válido, já que não assinaram todos os termos do contrato. De acordo com Filho, no contrato de venda havia anexos que descreveriam os bens que ficariam com a família, como imóveis que são de propriedade da Imobiliária Bianca, detentora do patrimônio dos Cola. “Firmamos uma declaração que só teria validade se os anexos fossem assinados, mas eles nunca foram”.

A família alega que, em dezembro, o juiz da recuperação judicial, Paulino José Lourenço, determinou a transferência do controle acionário das empresas para o grupo e que o patrimônio construído está ameaçado. No entanto, uma escritura pública registrada em maio em cartório de São Paulo do advogado Marcio Mastropietro, responsável pela confecção do contrato de compra e venda, dá conta de que não houve assinatura dos anexos.

Apenas o controle societário da imobiliária não foi repassado a Camila e a Sidnei por causa do espólio da falecida esposa de Camilo Cola, Ignez Massad Cola.

De acordo com os ex-donos do grupo Itapemirim, assim que o controle acionário foi transferido, a nova gestão teria começado a demitir sem cumprir obrigações, teria deixado de pagar fornecedores e ainda estaria realizando retiradas diárias dos caixas das empresas, através de notas fiscais frias direcionadas a outras empresas deles, como a Delta X, sediada em São Paulo.

Os Cola ingressaram na Justiça, então, com uma ação para retomar o controle acionário da Itapemirim. O processo terá audiência no dia 23 de junho.

“Traídos”

Os Cola alegam terem sido induzidos a entrar no processo de recuperação judicial por dois profissionais antigos da Itapemirim: Anísio Fioresi, na época diretor financeiro, e o chefe do setor jurídico, Rômulo Barros Silveira. “Anísio está na empresa há 42 anos. A família dele é vizinha da fazenda dos meus avós. Tinha total confiança nele”, frisa Camilo Filho.

Segundo ele, Fioresi e Silveira agiram de má-fé induzindo a família a uma recuperação judicial desnecessária, isolando diretores e incluindo no processo uma empresa sadia, a Imobiliária Bianca. “Com informação privilegiada e procurações, eles se juntaram aos novos sócios para dar um golpe”, diz Filho.

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O juiz Paulino José Lourenço foi procurado, através assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, que informou que “o magistrado não concede entrevista sobre processo em curso.”

Amanhã – Diretores dizem que não indicaram recuperação judicial


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