Viação Itapemirim: a queda de um império – Grupo diz que auditoria aponta desvios praticados pela família Cola

De Gazeta on line Por Luíza Torre Imagens Diego Almeida Os novos sócios da Viação Itapemirim, Camila Valdívia e Sidnei Piva, afirmam que, por determinação da Justiça, fizeram uma auditoria nas contas ...
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De Gazeta on line
Por Luíza Torre
Imagens Diego Almeida

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Os novos sócios da Viação Itapemirim, Camila Valdívia e Sidnei Piva, afirmam que, por determinação da Justiça, fizeram uma auditoria nas contas da empresa, analisando documentos fiscais, recibos, planilhas, extratos, entre outros. Segundo o grupo, foi constatada “uma rede de formas de retiradas diversas da empresa”.

Um relatório foi enviado à reportagem por e-mail. Segundo os sócios, trata-se de “auditoria realizada pela renomada Backer Tily Brasil”.

Mas o relatório não contém menção à empresa de auditoria, e conta apenas com a logo da Viação Itapemirim. Consta no documento que ele “pretende resumir os trabalhos realizados pelas áreas Financeira, Contábil, Fiscal, e envolvimento da Auditoria interna da empresa” e que foi realizado “sob a supervisão da técnica jurídica Camila de Souza Valdívia (sócia proprietária), nomeada em ata Diretora Administrativa/Financeira”.

Camila e Piva afirmam que vão cobrar os valores na Justiça. Os sócios informaram por e-mail que foi encontrado o desvio de R$ 120 milhões chamados de mútuos – nome utilizado para as retiradas de dinheiro da empresa, segundo eles.

“Há ainda contabilizado o saque de R$ 56 milhões em nome dos antigos sócios, estes recursos eram desviados para entrega em espécie através de um documento chamado de CTN, para contas no exterior e através de pagamentos efetuados à holding de nome MC Massad Cola Empreendimentos e Participações Ltda”, diz o trecho do e-mail.

No relatório, são apontadas retiradas feitas em forma de vales de diversos locais do país para Camilo Cola Filho, da Itapemirim e da Kaissara. Os valores apontados não são R$ 120 milhões, e sim cerca de R$ 42 milhões entre 2014 e 2016. Entre os documentos enviados pelo grupo para a reportagem, relativos às transferências para a MC Massad Cola, o valor somado, em 6 documentos de dezembro de 2016, não foi de R$ 56 milhões, e sim de R$ 107.500.

Já a conclusão do relatório de auditoria diz que, após recuperação judicial, “foram retirados valores da empresa de diversas maneiras”, “seja através de DOC, TED ou ainda em moeda corrente a título de atender a pessoalidade dos sócios”, e dá outro número: R$ 15,3 milhões. A conclusão também diz que “além destes valores, existem diversas transferências para empresas que eram do grupo econômico”, que contabilizam outro valor, diferente do que foi informado antes, de R$ 322,6 milhões.

O outro lado

Camilo Cola Filho, ex-presidente do Grupo Itapemirim, diz que tais desvios não existem.

“Eu não tenho acesso às informações da auditoria. Só tenho a minha memória e não acredito que exista isso. Eu não tenho conhecimento do que a auditoria diz. Para ser mais preciso, eu necessitaria ter acesso a essas informações. Essas pessoas levaram a empresa por um valor simbólico, não pagaram nada, dizendo que iam assumir as dívidas e que tinham créditos tributários”, afirma.

Segundo ele, o negócio sequer foi concluído. “Não era nem para eles estarem em posse da empresa. Não estou pedindo para eles ficarem com o grupo Itapemirim. Se o negócio era tão ruim, por que não nos devolvem a empresa? Eu entendo que eles me passaram a perna. Eu entendo que o negócio não foi concluído e eu quero a empresa de volta”.

Ele afirma que se há valores que saíram do caixa, há valores que entraram na empresa. “Entraram mais de R$ 300 milhões, só eu coloquei R$ 100 milhões, entre outros valores que foram investidos na empresa.”

Ele diz também que sobre a Kaissara, não pode falar. “Não éramos nós que administrávamos ela. Ela não pertencia ao grupo.”

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Quanto à máquina de bilhetes, ele diz desconhecer. “A venda de passagens, hoje em dia, é toda feita por sistema eletrônico. É muito difícil fazer esse tipo de operação que eles estão ventilando. O sistema é muito moderno. Não reconheço que tenhamos feito isso, porque o sistema é seguro. Não vejo fidelidade nas informações apresentadas.”


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