Viação Itapemirim: a queda de um império – Funcionários da Itapemirim estão com salários atrasados

De Gazeta on line Por Luíza Torre Imagens Diego Almeida Atrasos salariais e incerteza sobre o futuro da empresa. Essa virou, segundo sindicatos, a rotina dos funcionários da Viação Itapemirim, que já ...
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De Gazeta on line
Por Luíza Torre
Imagens Diego Almeida

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Atrasos salariais e incerteza sobre o futuro da empresa. Essa virou, segundo sindicatos, a rotina dos funcionários da Viação Itapemirim, que já foi uma das maiores da América Latina e, hoje, em recuperação judicial, acumula dívidas e é alvo de briga na Justiça entre antigos e novos sócios.

Desde março de 2016, a empresa está em recuperação judicial, em meio a dívidas da ordem de R$ 330 milhões com processos trabalhistas e fornecedores e de R$ 1 bilhão em tributos. Entre novembro e dezembro, a empresa foi vendida e o controle acionário deixou de ser da família do fundador Camilo Cola, passando para dois empresários, Camila Valdívia e Sidnei Piva.

Os funcionários, que já chegaram a ficar com seus salários atrasados por quatro meses em 2016 – o que havia sido regularizado com a transferência para os novos sócios –, voltaram a sofrer com o mesmo problema a partir de maio deste ano. A demora no pagamento atinge principalmente setores como administrativo, manutenção e limpeza, destaca o diretor do Sindiroviários-ES, Uedilson da Vitória.

“Até março, a empresa estava pagando tudo certinho, em dia. Só que, a partir de março, a coisa desandou. Em maio, os salários foram pagos entre os dias 10 e 15. Em abril, também atrasou. Neste mês, a empresa pagou os motoristas no dia 8. Só que o pessoal interno da empresa não recebeu até hoje. Os caras que trabalham na bomba, mecânico, quem limpa ônibus, ninguém foi pago”, afirma.

Além disso, Uedilson explica que o tíquete-alimentação e o vale-transporte desses funcionários também estão atrasados. “Os motoristas foram os que receberam tudo em dia. Os tíquetes que estavam dois meses atrasados foram quitados”, comenta.

Na sexta-feira, 9, o diretor conta que foi feita uma paralisação, na Rodoviária de Vitória, em protesto pelo atraso dos salários e pela demissão por justa causa que um funcionário levou e que o sindicato não concordou. “O ônibus que ia sair às 15h30 da rodoviária saiu às 18 horas por conta dessa paralisação”, diz.

Segundo ele, demissões em massa não estão acontecendo, mas o atraso de salário deixa os funcionários preocupados.

Em Cachoeiro de Itapemirim, o presidente do Sindimotoristas, Elias Brito Spoladore, conta que a situação não é diferente.

“A informação que a gente tem, conversando com colegas que permanecem na empresa trabalhando, é que eles estão com benefícios relativos a tíquete-alimentação em atraso há dois meses. Ontem (sexta), tive a informação de que estão pagando por setores, e alguns setores ainda estão com salários atrasados”, afirma.

A Viação Itapemirim diz que não há atraso de salários. “A nova gestão assumiu a empresa no dia 1º de novembro de 2016, com quatro meses de salários atrasados. Em 20 dias, a nova gestão regularizou os salários e reativou a alimentação dos funcionários”, esclarece em resposta enviada por e-mail. Além disso, a empresa afirma que, “neste mês, a empresa esta passando por uma mudança de sistema, no sentido de modernização e tecnologia, para maior controle e transparência”, complementa.

Demissões

Além dos atrasos nos salários, os sindicatos denunciam que verbas rescisórias dos funcionários demitidos desde o início de 2016 não têm sido pagas. Os casos estão na Justiça.

Segundo o presidente do Sindimotoristas, Elias Brito Spoladore, os 170 funcionários mandados embora em fevereiro de 2016, antes da recuperação, não receberam nada.

Daquela época para cá, com a empresa já em recuperação judicial, ele explica que vários funcionários foram demitidos e não receberam nada. “Homologamos em torno de 60 rescisões, que também não tiveram os direitos pagos pela empresa corretamente. Este ano, já tiveram outras demissões, principalmente do setor administrativo, que nos procuraram e também não tiveram seus direitos pagos corretamente”, afirma Spoladore.

O advogado especialista em Recuperação Judicial do escritório Hannud & Velloza Advogados, Vitor May Xavier, explica que todas as cobranças de dívidas contra a empresa ficam em suspenso no período de recuperação judicial. “A empresa não precisa pagar as dívidas existentes até a data do protocolo do pedido. As posteriores, ela tem que pagar”, ressalta ele.

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Em relação às rescisões “em aberto, tanto do período da antiga gestão, quanto da nova gestão”, diz a Itapemirim, “a empresa está buscando uma rápida solução para o impasse”. A empresa ainda afirma que “a maior parte das demissões ocorridas trata-se de funcionários que não prestavam serviços para a empresa, e sim diretamente ligados às residências dos antigos sócios”.


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