Recife: Mudança em ônibus afeta preferenciais

De Folha PE Imagens Gilberto da Costa Júnior / Divulgação Quem utiliza o transporte público no Grande Recife já deve ter percebido que há ônibus circulando com um número menor de assentos ...
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De Folha PE
Imagens Gilberto da Costa Júnior / Divulgação

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Quem utiliza o transporte público no Grande Recife já deve ter percebido que há ônibus circulando com um número menor de assentos preferenciais antes da catraca.

Normalmente, eram entre seis e sete. Agora, são quatro, no máximo. Para a maioria dos passageiros, pode parecer só um detalhe técnico, mas não para usuários idosos, com deficiência ou gestantes. Com menos lugares na parte da frente dos coletivos, onde só elas tinham direito de ficar, essas pessoas passaram a ter que embarcar cada vez mais pela porta traseira e disputar espaço com os demais passageiros, que nem sempre cedem seu assento ou respeitam as acomodações preferenciais que também existem depois da catraca.

A mudança foi aprovada pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano em 2016, mas era pouco conhecida. Só repercutiu na última semana, após uma reunião da entidade para atualizar resoluções sobre o tema. Na ocasião, ficou acertado que o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) avaliará a medida por seis meses para ver se foi boa ou não aos passageiros e ao sistema. Isso porque um espaço menor antes da catraca pode fazer com que se forme uma fila maior do lado de fora do ônibus na hora do embarque, atrasando as viagens. Vale destacar que não houve redução no número geral de assentos preferenciais dentro dos coletivos, mas, sim, um remanejamento. Os que deixaram de ficar na parte da frente agora estão instalados logo após a catraca.

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O diretor de operações do GRCT, André Melibeu, diz que a novidade foi proposta pelas empresas de ônibus para tentar reduzir a evasão de renda, já que há usuários que se acomodam antes da catraca e acabam desembarcando sem pagar a tarifa.
Com a diminuição do número de cadeiras nessa área dos ônibus, a expectativa dos operadores é de desestimular essa prática. “Recebemos a proposta, mas não tínhamos fun damento técnico para dizer se traria ou não problemas. Por isso, será avaliada por seis meses”, explica Melibeu.

Os veículos com a nova configuração estão sendo postos em circulação aos poucos. Mas, mesmo no layout antigo, com mais cadeiras antes da catraca, já era comum não haver espaço para todos os idosos, gerando a necessidade de embarque pela traseira.
É aí que o problema começa. “Tem motorista que não gosta de abrir a porta de trás ou finge que não escuta a gente pedindo para entrar. Até entendo, porque tem quem se aproveita e embarca junto, sem pagar. Mas é um problema para quem realmente precisa”, diz o aposentado Severino Correia, 68 anos. Para a também aposentada Luíza Moura, 72, a dificuldade é dentro do coletivo. “Pegam os lugares preferenciais e fingem que estão dormindo para não terem que sair”, relata.

Melibeu, do GRCT, diz que, no caso de condutores que não facilitam a vida dos passageiros que precisam embarcar pela traseira, a fiscalização do órgão pode resultar em punição às empresas de ônibus. Já o desrespeito aos assentos preferenciais é mais delicado. “O motorista tem que envidar esforços para que esses locais sejam usados por quem tem direito, mas é complicado punir a empresa, porque esse tipo de desrespeito é algo que extrapola o próprio ônibus. É algo do ponto de vista de educação. O que se pode é trabalhar com uma campanha de conscientização”, finaliza.


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