Audiência vai definir quem fica com o Grupo Itapemirim

De Folha ES Imagem JC Barboza Após denúncia de Camilo Cola contra os responsáveis pela recuperação judicial do grupo Itapemirim por desvios de dinheiro do caixa e descumprimento de obrigações ...
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De Folha ES
Imagem JC Barboza

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Após denúncia de Camilo Cola contra os responsáveis pela recuperação judicial do grupo Itapemirim por desvios de dinheiro do caixa e descumprimento de obrigações trabalhistas,  o juiz responsável pelo processo de reintegração de posse agendou audiência para o dia 21 de junho às 15h30.
Na audiência serão ouvidas testemunhas e verificada a necessidade de inspeção judicial.

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Conheça o caso:

O fundador do Grupo Itapemirim, Camilo Cola, acusa os novos donos de terem desviado R$ 8,1 milhões do caixa, utilizando a receita da venda de passagens da Viação Itapemirim, o braço mais rentável do grupo, para pagar serviços “supostamente executados por outras empresas dos novos sócios”.

Desde outubro de 2016, o grupo é presidido por Camila Valdivia e tem ainda como sócios Sidnei Piva e Milton Rodrigues. Os executivos são de São Paulo e donos de escritórios contábeis. De acordo com dados da Junta Comercial de São Paulo, Valdivia é dona de oito empresas e Sidnei de outras 10.

A família Cola diz ter recebido denúncias de funcionários do grupo de que desde novembro do ano passado são feitos depósitos diários de R$ 50 mil para a Delta X Tecnologia de Informação Ltda., empresa que também é de propriedade de Valdivia e Piva. Os repasses constam em notas fiscais que foram anexadas à denúncia.

“Esses serviços seriam prestados a título de consultoria de informática, mas não há comprovação dessas atividades, ainda mais em um valor diário como esse. Desde novembro, todos os dias são feitos esses pagamentos”, afirma o advogado de Camilo Cola, Marcelo Miranda.

Cola disse se sentir enganado e acredita que o mesmo “golpe” dado em empresas paulistas está sendo aplicado na Itapemirim. “Tivemos nossa confiança traída por pessoas de nossa maior consideração. Uma articulação monstruosa. Demitiram inúmeros funcionários sem o pagamento de verbas rescisórias, multas e FGTS. O Espírito Santo precisa saber quem é essa gente. Tenho 94 anos, não quero ver a história da Itapemirim ser manchada”, afirmou Camilo.

O advogado de Camilo Cola aponta que nenhum dos compromissos acordados com os atuais gestores foi honrado. Segundo ele, a Itapemirim teria sido vendida para a atual presidente sem o repasse de nenhum custo para a família. Valdivia, no entanto, passaria a ser a responsável pela dívida de R$ 336,49 milhões da companhia que está em processo de recuperação judicial.

“Foram demitidos 60 funcionários, que tinham entre 15 e 20 anos de empresa, que até hoje não receberam nenhum centavo dos seus direitos. Já fizemos a denúncia na Polícia Civil e na Federal. Camilo teme que a Itapemirim seja destruída e que ele seja responsabilizado futuramente. Nosso objetivo é devolver a empresa à família Cola, antes que ela seja destruída”, diz o advogado.

Outro lado

Em nota, os novos proprietários da Itapemirim reafirmaram “a profunda admiração pelo antigo fundador e o compromisso em prestar ao administrador judicial todo o desenvolvimento financeiro, fiscal e contábil de todas as atividades da empresa quanto ao processo de recuperação judicial”.

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Sobre as acusações de supostos desvios na empresa, a Itapemirim informa que “contratou uma das maiores empresas de auditoria, reconhecida internacionalmente, para que audite todos os processos administrativos e financeiros da nova gestão” e que “qualquer assunto relativo aos antigos proprietários serão tratados nas esferas competentes”.

Diversificação

Entre as décadas de 1970 e 1990, as atividades do Grupo Itapemirim foram diversificadas, passando a abranger os segmentos como mineração, agropecuária, restaurantes, hotéis, turismo e concessionárias de veículos.

Venda

Em junho de 2015, a cachoeirense Kaissara havia passado a operar cerca de 40% da frota e mais da metade das linhas da Itapemirim. No total, foram repassadas à Kaissara 68 das 118 linhas que eram operadas pela empresa. A Itapemirim permaneceu operando 50 trechos, o que corresponde a 43% da fatia de mercado em que atuava antes do negócio.

Recuperação judicial

Em março de 2016, a Itapemirim protocolou um pedido de recuperação judicial na 13ª Vara Cível Especializada Empresarial de Vitória. O processo envolve seis empresas do grupo.

Edital

Em julho de 2016, foi publicada a lista de credores da empresa, um das etapas da recuperação judicial.

Decisão

Em dezembro, a Justiça estadual incluiu a Kaissara no processo de recuperação judicial. O juiz Paulino José Lourenço entendeu que houve “desvio de patrimônio” na operação de transferência das linhas e apontou indícios do uso de “laranjas” pelo fato da nova empresa ter como sócios dois funcionários da Itapemirim.

Compra

Na mesma decisão, o juiz determina a exclusão dos “sócios/empregados” da Kaissara e a transferência do controle aos novos acionistas da Itapemirim: Sidnei Piva de Jesus e Camila de Souza Valdívia. Até o ajuizamento do pedido, o grupo era gerido por Camilo Cola Filho.


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