Eles são a Itapemirim

De Aqui Notícias Por Filipe Rodrigues Imagens Filipe Rodrigues / Jackson Muniz Naquela subida em uma rua de paralelepípedo ao lado de uma das principais avenidas de Cachoeiro, é inevitável não se ...
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De Aqui Notícias
Por Filipe Rodrigues

Imagens Filipe Rodrigues / Jackson Muniz

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Naquela subida em uma rua de paralelepípedo ao lado de uma das principais avenidas de Cachoeiro, é inevitável não se lembrar do responsável por aquilo tudo. Uma área com muito verde, bem cuidada e que logo acima tem um grande portão gradeado que dá acesso a um dos locais que sempre encheu de orgulho grande parte dos trabalhadores cachoeirenses: os Platôs I, II e III da Viação Itapemirim.

Na entrada, aquele clima nostálgico se confirma com a presença do vigia antigo naquela função. “Só um minutinho, senhor”, pediu, gentilmente, para anunciar a chegada da reportagem. Ele é velho conhecido de quem vira e mexe precisa ir à Viação Itapemirim. “Sabe como chega lá?”, questionou, com aquele olhar de quem conhece como poucos o tamanho daquela área e que eventualmente, depois de tantos anos, sabe também a facilidade que é se perder por ali.

Depois da devida orientação, o caminha-se até a chegada do Platô II. O destino: a chamada Revisa, local onde mecânicos cuidam de reparos nos motores e demais áreas dos ônibus.

No pequeno prédio administrativo bem no centro da oficina, o engenheiro mecânico Rogério Pezzim aguarda no segundo andar para um bate-papo sobre a retomada de crescimento da Itapemirim.

Quando alguns poucos degraus de escada terminam, logo após cruzar aquele imenso espaço cheio de ônibus, motores e peças de ferro, ao abrir a porta, inevitável não notar um quadro com uma foto antiga do fundador da empresa, Camilo Cola, que permanece no mesmo lugar. A sala de reuniões, com um tanto de armários de arquivos, guardava em cima de um deles uma coleção de máquinas fotográficas antigas e recentes, desde uma Polaroid até uma Sony digital.

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Dali de cima, onde as paredes são de vidro, é possível ver toda a movimentação no pátio lá embaixo. E foi bem ali, no coração do parque industrial, que Pezzim convidou outros dois funcionários antigos da Viação Itapemirim, ambos com 31 anos de casa, para contar um pouco suas histórias: Nilton Cesar e Geraldo Mastela.

A conversa nem bem começou e eles já foram logo falando como estavam satisfeitos pela Viação Itapemirim ter voltado a crescer. Sem mais precisar ouvir falar em falência da empresa por conta de má gestão, o desespero foi colocado para fora daqueles platôs. “Quando ouço alguém falar mal da Itapemirim agora, fico nervoso. Não aceito. As pessoas não sabem como as coisas estão melhor aqui”, comentou Geraldo.

Momentos felizes: motivos para continuar Faz-tudo. Em toda grande empresa existe uma figura com esse perfil. “Se você chegar com uma bolsa com algum defeito, ele não vai falar que não tem jeito. Vai pedir um tempinho e logo arrumar uma solução”, comentou Nilton sobre Geraldo.

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Com uniforme batido e os cabelos brancos, Geraldo anda a oficina da Viação Itapemirim com a autonomia de quem conhece cada pedaço daquele lugar. Responsável por fazer a recuperação dos componentes mecânicos dos veículos, ele conta que nunca imaginou passar o que passou em 2016. “Não imaginava. Depois de tantos anos de sucesso, pensar que poderia chegar aqui e encontrar os portões fechados? Não. A gente não aceitava essa condição”, ponderou.

Meses de salário atrasado, insegurança administrativa, diretoria instável e um cenário que quase apagou a luz no fim do túnel. Foi nesse momento que Geraldo viu a necessidade de unir forças com seus colegas de trabalho. “A gente se uniu. Apesar da crise naquele momento, temos um histórico de felicidades dentro da empresa. Foi isso que nos manteve firmes”, disse.

Era segundo semestre de 2016 quando, durante uma reunião dentro do parque industrial com todos os funcionários que ainda restavam ali na Viação, Pezzim sinalizou que algo poderia mudar. “Na noite anterior eu tive um sonho sobre se reerguer. No dia seguinte, Pezzim falou da possibilidade de mudança de direção na empresa. Isso nos deu ânimo em pegar firme e seguir em frente”, revelou Geraldo.

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“Passamos tempos difíceis. Pedi paciência em casa para minha esposa. Ficava nervoso quando alguém comentava comigo que a Itapemirim iria fechar. E graças à perseverança de todos nós estamos vendo a empresa voltar a contratar e ampliar serviços”, finalizou Geraldo.

Funcionar bem: importante para todos

Quando o salário começou a atrasar, Nilton sentiu que não era apenas a saúde financeira sua e de sua família que estavam em risco. “A Itapemirim não é só a gente. Está na vida da cidade e do nosso Estado. Estava todo mundo perdendo naquele momento”, argumentou.

Com esse pensamento, Nilton também se empenhou em continuar trabalhando, apesar das dificuldades impostas. “Era importante para as nossas famílias, mas também para Cachoeiro. Tanto que hoje a cidade volta a sentir essa melhora. As notícias começam a ganhar outro tom. Existe um clima mais favorável”, acrescentou.

O parque industrial que hoje conta com cerca de 200 pessoas trabalhando, chegou a reduzir para 10% de sua capacidade. Atualmente, um dos objetivos é formar novos profissionais. “A gente está ensinando nossos ofícios para essas pessoas que foram recentemente contratadas. Com a nova gestão da Itapemirim, um dos focos é formar novas equipes e novos profissionais”, disse.

Com a empresa entrando novamente nos trilhos, Nilton comenta entusiasmado que “hoje está melhor e que a esperança superou todos os desafios”. E finaliza: “vamos continuar firmes, porque é muito mais que um emprego, o nosso coração está nessa empreitada”.


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