A constante busca pela melhoria do setor de transporte coletivo urbano

Fonte: NTU Fotos: Fábio Gonçalves Na busca constante do aprimoramento e da sinergia entre as empresas do setor de transporte coletivo urbano, durante os meses de abril e maio de 2016, a NTU promoveu ...

Fonte: NTU
Fotos: Fábio Gonçalves

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Na busca constante do aprimoramento e da sinergia entre as empresas do setor de transporte coletivo urbano, durante os meses de abril e maio de 2016, a NTU promoveu novos encontros dos Colégios de Advogados e de Gestão de Pessoas (realizados em conjunto), Técnico e de Comunicação e Marketing. Entre os temas debatidos, estão exame toxicológico, legislação trabalhista, gestão de crises nas empresas, metodologia de cálculo tarifário e outros. Além de empresários, técnicos e funcionários, as reuniões contaram com a participação de especialistas para o enriquecimento do debate.

Exames Toxicológicos e Legislação Trabalhista

A realização do exame toxicológico, estabelecido pela Lei nº 13.103/2015, é um tema atual e tem levantado várias dúvidas por parte de empregadores, funcionários e, até mesmo, para quem deve executá-la. Detalhes e informações sobre esse assunto e sobre os programas de controle de álcool e drogas foram apresentados durante o segundo encontro dos Colégios de Advogados e Gestão de Pessoas da NTU, nos dias 28 e 29 de abril, em Brasília.

As dúvidas em relação à eficácia e segurança dos exames toxicológicos foram discutidas pelo diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Dirceu Rodrigues Alves Júnior. Segundo Dirceu, a melhor maneira da realização do exame é pela urina, já que desta forma não há constrangimento para o motorista. Além disso, o Brasil é o único país que estabeleceu que a investigação também deve ser feita com amostra de cabelo ou de unha.

Para ele, a forma que está sendo realizada acarreta vários problemas sociais e econômicos, como a possibilidade de demissão do funcionário com resultado positivo. “Diante de um resultado positivo, pode ser solicitada uma contraprova, em um novo laboratório”, explica.

Conflitos

São vários os conflitos existentes na legislação, entre a Portaria Nº 116 e a Resolução Nº 583. A primeira, do Ministério do Trabalho e Previdência Social, define que o empregado está apto ao trabalho mesmo com o exame positivo. Já a Resolução diz que o motorista está inapto, o que é um “contrassenso”, segundo Dirceu Rodrigues. “Quem é que vai se responsabilizar? O médico do trabalho? Temos um problema ético. Um problema jurídico. Ou seja, um problema seríssimo para ser discutido”, alerta o diretor.

Já o advogado Cleto Gomes questiona como uma empresa, em um processo seletivo, irá pagar o exame ao candidato sem que se tenha um contrato firmado. “Essa obrigação, em uma análise prévia, é totalmente absurda. Ninguém está sujeito a fazer ou a não fazer nada em virtude de Lei, mas, para você obrigar uma determinada pessoa a assumir uma obrigação através de um contrato, esse contrato tem que ser celebrado. O que, nesse caso, não ocorreu”, defende.

Segundo Cleto, a Lei está transferindo para o empregador as obrigações que são próprias do profissional para exercer a profissão. Ele critica que muitas leis são sancionadas no Brasil, e muitas vezes sem que haja uma discussão por quem entende. “Já é uma dificuldade enorme contratar bons profissionais, principalmente agora com uma exigência dessa magnitude”, diz.

Prevenção do uso de drogas

A prevenção no ambiente de trabalho é importante para a eliminação ou diminuição do uso de álcool e drogas por motoristas de ônibus das empresas de transporte coletivo. De acordo com Fernando Moreira, consultor da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), o álcool é o maior problema dentro da empresa de transporte.

Dentro dos fatores de prevenção está o Programa de Controle de Álcool e Drogas (PRAD), indicado pelo consultor. A implantação desse programa deve ser gradual, e entre as suas etapas estão: normas escritas sobre o local de trabalho sem drogas; treinamento dos supervisores; informação a empregado; assistência no tratamento; testes de drogas.

“Eu tenho orientado a empresa a fazer o seguinte: antes de contratar faz a apresentação da empresa ao candidato. Mostra o anexo [das normas] da Portaria 116, fala que a empresa tem um programa sério de controle de álcool e droga. E que para ser contratado é preciso fazer todos os testes. Explica, mostra antes, faz uma entrevista de conhecimento”, sugere Fernando.

 Rede de Informações Estratégicas

O banco de dados da NTU passa por um processo de modernização, que visa a melhoria do acesso às informações disponibilizadas para a consulta de todas as empresas associadas e entidades filiadas. Nesse sentido, os integrantes do Colégio Técnico da NTU têm trabalhado na reformulação da Rede de Informações Estratégicas (RIE).

Segundo André Dantas, diretor técnico da NTU, a RIE compreende dados sobre a demanda, oferta; insumos, custos, receitas e tarifas e tecnologias diversas sobre o setor. “O novo formato da RIE será mais enxuto, atualizado com a nova realidade operacional e tecnológica do setor e permitirá mais agilidade e confiabilidade na atuação da NTU”, explica Dantas.

Esse novo projeto para a Rede de Informações Estratégicas e o banco de dados foram apresentados durante o encontro do Colégio Técnico que ocorreu em Fortaleza (CE), nos dias 5 e 6 de maio de 2016. O evento foi promovido em parceria com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).

Para o presidente do Sindiônibus e coordenador do Colégio Técnico, Dimas Barreira, o transporte coletivo passa por um momento de mudança e por um cenário mais desafiador como nunca. Ele pontua como alguns dos desafios enfrentados a desregulamentação e concorrência desleal; a tendência de novos modelos operacionais e contratuais; os tempos de discussões políticas paradoxais sobre requalificação do transporte e redução do seu custo; e a necessidade de recursos extratarifários para viabilização da atividade e garantia da saúde das cidades.

“É nesse contexto volátil e de alta complexidade que se torna ainda mais importante o que o encontro do Colégio Técnico procurou prover. A consolidação da nossa RIE, buscando a riqueza necessária, sem excessos que a torne difícil ou demorada demais para disponibilização, mas que contenha o que realmente tem relevância e que possa seguir evoluindo conosco; e o compartilhamento, com bom grau de detalhamento, das experiências notáveis do setor Brasil afora”, defende Barreira.

Na ocasião também foram discutidas a metodologia de cálculo tarifário e as experiências de operações consorciadas em Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Salvador (BA). Na ocasião, os participantes também fizeram uma visita técnica ao sistema de transporte coletivo da cidade, ao Centro de Controle Operacional (CCO) e às Gerências de Operações e de Planejamento do Sindiônibus.

Gestão de crises organizacionais

Sem dúvida a gestão de crise nas organizações é algo que deve ser estudado e trabalhado para se evitar problemas mais complexos. Nem todos os conflitos tornam-se crise, mas isso não quer dizer que as empresas podem negligenciá-los. É o que afirma João José Forni, especialista no assunto e o consultor de comunicação com foco em comunicação estratégica e gerenciamento de crises. Forni ainda ressalta: 95% das crises podem ser evitadas. Além disso, é possível prever que algo dará errado ou não com o monitoramento. “É preciso ter absoluto controle da empresa. Quem não controla, não administra. E esse é o caminho mais curto para a crise. As empresas devem saber o que pode causar uma crise. Quem não monitora, não previne”, argumenta Forni.

Em uma visão mais ampla do gerenciamento de crises, Forni pôde contribuir para que os participantes do Colégio de Comunicação e Marketing, realizado nos dias 12 e 13 de maio, em Goiânia (GO), pudessem ter mais conhecimento sobre a necessidade de ações preventivas de situações que levam a crises. Outro ponto abordado nesse encontro, e que complementa a gestão de crises nas empresas, foi o relacionamento com a imprensa. Nesse segundo debate, a NTU em parceria com a FSB Comunicações apresentaram pontos importantes das demandas dos jornalistas sobre o setor.

Em uma sondagem informal com os principais veículos de comunicação, que acompanham a agenda do setor – como setoristas da Rádio Itatiaia (MG), os jornais Valor Econômico, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo –, a NTU levou ao conhecimento dos profissionais de comunicação do setor as percepções da imprensa nacional. Nessa abordagem, constatou-se que a qualidade dos serviços e questões sobre tarifa estão no foco de interesse dos jornalistas.

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O evento que contou com a parceria do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) também proporcionou aos presentes uma visita técnica ao Centro de Controle Operacional (CCO) do sistema de transporte coletivo urbano da cidade de Goiânia e a troca de experiências das ações em marketing das empresas Urbi Mobilidade Urbana, que opera no Distrito Federal, e do Consórcio RMTC, que abrange as empresas do município de Goiânia.