Esse pobre transporte público

Fonte: Revista AutoBus Foto: Paulo Rafael Viana Problemas de ordem financeira têm causado ao setor de transporte público, mais especificamente nos serviços de ônibus, uma insatisfação em diversas ...

Fonte: Revista AutoBus
Foto: Paulo Rafael Viana

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Problemas de ordem financeira têm causado ao setor de transporte público, mais especificamente nos serviços de ônibus, uma insatisfação em diversas regiões do País. Os aumentos do valor das tarifas das passagens, atribuídas aos custos operacionais cada vez mais elevados, e para reposição da inflação anual, foram motivos de manifestações públicas em diversas cidades.

Alguns movimentos pró “tarifa zero” pegam carona na adoção de políticas que favoreçam certos setores da sociedade brasileira. Entretanto, a questão é bem mais profunda e complexa, envolvendo a participação da gestão pública, da sociedade e dos operadores.

No lado do operador, a chiadeira enfatiza que tais reajustes, em sua grande maioria, não são suficientes para cobrirem os custos operacionais, comprometendo diretamente a qualidade dos serviços. O cenário de crise é o álibi perfeito para brigar por repasses maiores.

Quanto à gestão pública, muitas vezes parece perdida em meio a questões judiciais, em geral, causadas por processos licitatórios mal desenhados e com um problema em mãos que é capaz de decidir a próxima eleição municipal. Quando não até a estadual, daqui a 3 anos.

Para alcançarmos o passe livre – se este for escolhido como a melhor opção neste mar revolto da discussão da mobilidade e dos direitos básicos do cidadão – é necessário um fundo público para arcar com os custos. De onde viriam tais recursos? Da taxação da gasolina e do uso do automóvel em algumas regiões?, Da contribuição do já castigado cidadão brasileiro, a partir do orçamento federal, estadual, municipal? São respostas ainda aguardadas pelos personagens envolvidos no teatro do transporte público, que tem cobrado alto para quem quer participar da encenação. Por aqui, as passagens de ônibus (99,9%) são as fontes que cobrem os custos e geram o percentual de lucro ao operador.

Se olharmos para o subsídio governamental, muito utilizado em países desenvolvidos, veremos que no Brasil contam-se nos dedos, de uma só mão, as cidades que mantém em sua política de mobilidade, a subvenção. Mas, como falar em tal benefício, se estamos no meio de uma tempestade nas finanças públicas de um país que tem tudo para dar certo, porém, que fica com o eterno estigma de pátria do futuro?

Mesmo em períodos de águas calmas, os administradores públicos das médias e grandes cidades, em sua grande maioria, não tratam o tema transporte público (diga-se ônibus urbanos) com sua devida atenção. Pouco ou nada buscam modificar algo que leva consigo uma imagem negativa, salientada constantemente pela mídia (com toda razão) mostrando o martírio dos usuários em seus atos de ir e vir  frente a tantas dificuldades impostas por modelos equivocados de transporte.

Pobre transporte público brasileiro que vive das migalhas dos gestores públicos que o ignoram e não sabem o que é andar de ônibus.

Colaborou, Osvaldo Teodoro Born

Mantenedor do site Omnibus Brasil

www.omnibus.com.br


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