Passageiros têm apenas a linha “R”

Fonte: Tribuna do Norte Texto: Itaércio Porpino Foto: Emanuel Amaral Única opção é o ônibus intermunicipal que faz a linha “R”. Trajeto é longo e demorado, levando quase 1h30 a partir do Midway O ...
Fonte:
Tribuna do Norte
Texto: Itaércio Porpino
Foto: Emanuel Amaral

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Única opção é o ônibus intermunicipal que faz a linha “R”. Trajeto é longo e demorado, levando quase 1h30 a partir do Midway

O Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante,
está em operação há um ano, e até hoje não existem linhas diretas de transporte
de passageiros interligando-o a Natal. A única opção é o ônibus intermunicipal
urbano que faz a linha “R”, oferecida pela empresa Trampolim da Vitória. O
trajeto, no entanto, é longo e demorado. Para se ter uma ideia, do shopping
Midway Mall até o aeroporto, dá quase 1h30 de viagem. Isso, se não houver
trânsito pesado.

Os
transportes são velhos e nada apropriados a esse perfil de passageiro, além de
não fazerem uma rota expressa – com a exclusiva finalidade de transportar
pessoas que vão para o aeroporto. A linha “R” já existia e apenas foi
estendida. Antes de levar os passageiros ao destino final, os ônibus entram nos
bairros de São Gonçalo do Amarante, como a comunidade Padre João Maria,
passando por rua de paralelepípedo e até por um pequeno trecho de barro. 

Muito em razão do tempo de espera pelo transporte e também pelo longo e
cansativo itinerário, são poucas as pessoas que utilizam o ônibus para chegar
ou deixar o aeroporto. Às 9h de ontem, no ponto de ônibus do Midway Mall da
Salgado Filho, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE teve a sorte de encontrar a
jovem estilista Jéssica Cerejeira, de 19 anos. Sentada no banco da parada com
sua mala de rodinhas junto às pernas, ela esperava o transporte das
9h20.  

Com voo pro Rio de Janeiro marcado para decolar ao meio-dia, Jéssica se
antecipou mais de três horas, temendo perder o avião. De Parnamirim, onde mora,
ela tomou um ônibus por volta das 8h30, para chegar no Midway antes das 9h20.
“Ele
passa de hora em hora e dá muita volta. Além disso, não tem espaço apropriado
para bagagem. Acaba sendo bem desgastante, principalmente para quem vai com
malas”, diz a jovem, que, se fosse de táxi até o aeroporto, precisaria
desembolsar R$ 120.

Pelo menos, o transporte passou no local exatamente no horário que ela tinha
anotado num pedaço de papel. Estava bem vazio e assim permaneceu durante todo o
trajeto, que durou quase uma hora e meia. O ônibus passou por diversas
localidades de Natal até entrar nos bairros de São Gonçalo e, por fim, chegar
ao aeroporto, onde restavam somente três pessoas, contando com Jéssica. 

Os outros dois – um senhor e uma mulher – moram na zona Norte e trabalham no
aeroporto. Eles conversaram com a reportagem da TN sem se identificar e
reclamaram bastante do serviço de transporte.

O senhor contou que diariamente depende do ônibus da linha “R” para chegar ao
trabalho. “Moro em um bairro onde ele não passa e, por isso, tenho que pegar
dois transportes. Um até Igapó, que é bem tranquilo, e depois o R, que é o
principal gargalo. Ele passa de uma em uma hora. Nos sábados e domingos, chega
ao extremo de demorar até 2 horas. Muito precário o serviço. Antes, tinha a
linha S, que também ia até o aeroporto, mas faz um mês que só vai até São
Gonçalo. O que já era ruim ficou pior”.

Funcionária de loja do aeroporto, a mulher diz que os ônibus oscilam bastante,
de acordo com o dia.  “A gente tem sempre que sair com muita antecedência,
ou corre o risco de se atrasar. Já cheguei a gastar três horas de casa até
aqui”, afirma. Desde o início das operações do novo aeroporto, o Departamento
de Estradas de Rodagens (DER) deveria ter implantado uma linha executiva, que
nunca saiu do papel.