O Magnata da Expresso Brasileiro

Fonte: Mobilidade em Foco Texto: Carlos Alberto Ribeiro Fotos: Adriano Minervino / Divulgação Na página Mobilidade em Foco já foi publicado matéria sobre esse tema que voltamos nessa postagem a ...

Fonte: Mobilidade em Foco
Texto: Carlos Alberto Ribeiro
Fotos: Adriano Minervino / Divulgação

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Na página Mobilidade em Foco já foi publicado matéria sobre esse tema que voltamos nessa postagem a debater. O título era “Ônibus Magnata – Um Senhor de Respeito na Rodovia Via Dutra”, postada no dia 27 de janeiro de 2013, com excelente repercussão quanto ao número de visualizações (algumas milhares), curtidas, comentários e compartilhamentos. Voltamos novamente a debater o assunto porque agora no dia 24 de junho relembramos que faz três anos que os Nielson Diplomata 380 “Magnata” deixaram de circular. Ainda mais porque o feito do carro Leito Magnata nenhum outro ônibus vai alcançar.

Ele ficou 28 anos na ativa, na mais importante linha rodoviária regular de passageiros, que é a linha Rio de Janeiro x São Paulo. No dia 24 de junho de 2012 esses carros que prestaram serviços de inestimável valor a empresa Expresso Brasileiro e a milhares de passageiros que neles tiveram o privilégio de viajar, foram aposentados. Mesmo antes de saírem da ativa já tinham entrado para a história devido a excelência de sua fabricação, ao status, conforto, segurança, rigidez estrutural e a capacidade de resistirem tantos anos, mesmo tendo de concorrerem com ônibus mais novos das empresas 1001, Itapemirim e Cometa.

Ficar na ativa por longos 28 anos, de 1984 a 2012 na mais competitiva linha e a de maior número de passageiros transportados no Brasil, esse recorde estabelecido pelo ônibus Nielson Diplomata 380, Série 300 (Magnata), com chassi Scania BR-116, K112CL e K112TL S 33, ninguém vai quebrar. Eles chegaram em 1984 com a missão de substituírem gradativamente os ônibus Marcopolo MP-III Leito, chassi Scania BR-116, codinome de serviço “Coruja”. Eram os antecessores do Magnata. E os veículos escolhidos para sucederem eles não deixaram cair a peteca. Presença externa marcante, design impactante, alto, 3,90 metros de altura, 13,20 metros de comprimento e 2,60 metros de largura.

Era uma evolução e tanto no serviço prestado pela EBV. Ela migrou das carrocerias tipo MD (Midle Decker), com 3,50 metros de altura, para às do tipo HD (High Deck), 40 centímetros mais alta. Era uma nova categoria surgida no segundo semestre de 1983, inédita no transporte rodoviário de passageiros. Dois novos ônibus estrearam nas estradas como HD, o Marcopolo Paradiso 1400 G.IV e o Nielson Diplomata 380 Série 300. A Expresso Brasileiro preferiu ficar com o segundo. Salão de passageiros configurado como Leito, 23 poltronas revestidas em veludo, assentos e acarpetamento luxuoso de cor verde, ar condicionado, som ambiente, tapete vermelho no corredor, o Magnata nasceu para brilhar.

E como brilhou. Ninguém esperava que fosse por tanto tempo, 28 anos. Ao todo foram adquiridas 11unidades desse excepcional ônibus, prefixos de número 4000 ao 4008 e 5000 ao 5010, sempre em números pares nos dois últimos dígitos. Os da série 4000 eram ano 1984 e os da série 5000 do ano 1985 quanto ao ano de fabricação da carroceria. O sucesso deles nas rodoviárias foi imediato, a fidelização de clientes idem. Lotavam sempre, principalmente nos finais de semana e era preciso carros extras. Os anos foram se passando. Vieram os anos 90, a Geração V da Marcopolo a partir de 1993. Da Nielson, então Busscar, já rodavam os novíssimos Jum Buss, carrões também. No entanto os passageiros continuaram a preferir embarcar nos Magnata 380 da EBV nas rodoviárias de São Paulo e no Rio de Janeiro. Veio o ano 2000 e a Geração 6 da Marcopolo. Mudou alguma coisa? Não, os Nielson Diplomata 380 continuaram sendo os reis da Rio x São Paulo.

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Registra a história que por parte da direção da Expresso Brasileiro os Magnata não teriam rodado tanto, só rodaram por longos 28 anos porque era uma exigência de seus passageiros. E que não eram poucos. Os ônibus Leito da concorrência somente lotavam depois de se esgotar as passagens nos Magnata da EBV. Na crise econômica vivida no Brasil entre 1988 a 1993, governos Sarney e Collor, a diretoria da empresa pensou em desativar o serviço Leito na linha Rio x São Paulo e direcionar esforços para o serviço tipo Executivo devido a queda no número de passageiros transportados.

Mas desistiu da idéia. E o tempo provou que ela acertou, mantendo os Diplomata 380 como Leito até o dia 24 de junho de 2012, uma noite de domingo, às 23h50 minutos, data e hora da última viagem, com os carros de prefixo 5002 (São Paulo x Rio) e 5008 (Rio x São Paulo). A história registra fatos engraçados dos Magnata. Como a de passageiros desatentos que chegavam nos guichês de passagens de empresas concorrentes e pediam uma passagem de ônibus, desde que a viagem fosse feita no Diplomata 380 Magnata. E os funcionários, um tanto que envergonhados, ter de dizerem que eles não possuíam estes ônibus, apontando que era no guichê da Expresso Brasileiro que se comprava passagem para eles.

Até hoje se discute os motivos que levaram os Nielson Diplomata 380 Leito da EBV a sobreviverem na ativa por tantos anos. Os motivos foram a excelência do projeto feito pela Nielson, a durabilidade do produto e as perfeitas condições de conforto, limpeza e manutenção feitas pela equipe de manutenção e limpeza da Expresso Brasileiro. Suas poltronas eram as mais largas e de maior comodidade entre todos os carros Leito entre 1984 a 2012 que operaram na Rio x São Paulo. Tanto é que cogitaram utilizar esses assentos em ônibus Leito mais novos.

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Com os Nielson Diplomata 380 Magnata, a EBV manteve a liderança no serviço Leito por muitos anos na linha Rio x São Paulo. E, segundo pesquisas feitas por revistas especializadas da época, durante 25 anos consecutivos o Magnata foi eleito o melhor Leito da linha RJ x SP. Com o Magnata a empresa fechou com chave de ouro um ciclo de reinado nessa linha, que começou com os Marcopolo MP-III Leito “Coruja” no começo dos anos 80. O Diplomata 380 foi um grande “Magnus Bus”, o mais poderoso e confortável da Via Dutra por 28 anos.