Ônibus de João Pessoa passam a circular sem ‘cobrador’ e população reclama

Fonte: Jornal da Paraíba Matéria / Texto: Othacya Lopes Fotos: Kristofer Oliveira Cada vez mais ônibus que circulam por João Pessoa estão deixando de lado a figura dos cobradores. O posto está sendo ...
Fonte:
Jornal da Paraíba
Matéria / Texto: Othacya Lopes
Fotos: Kristofer Oliveira

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Cada vez mais ônibus que circulam por João Pessoa estão deixando de lado a
figura dos cobradores. O posto está sendo acumulado pelo condutor dos veículos.
Segundo os passageiros, isso está acontecendo há alguns meses, o que tem
prejudicado motoristas e usuários dos transportes coletivos.

Conforme
o Ministério Público do Trabalho, não há irregularidades na supressão da figura
dos cobradores, contudo é necessário que todos sejam fiscalizadores para evitar
condições de trabalho e prestação de serviço inadequadas.
 
A
dona de casa Lucelândia da Silva depende do ônibus 512, da empresa Marcos da
Silva que faz a linha que vai até o bairro São José, para se deslocar
diariamente. Segundo ela, essa retirada dos trabalhadores é prejudicial a quem
depende de ônibus, pois geralmente ela já espera até 30 minutos por um ônibus e
com essa mudança a espera chega a ser maior. “O motorista demora muito porque
além de dirigir agora ele também tem que passar troco. E fora o perigo, né?
Porque às vezes ele dá a partida e fica dando o troco para algum passageiro,
daí a gente acaba correndo perigo também. Está péssimo assim”, comentou.
 
A
assistente administrativo Rafaele da Silva, que ontem pegou o ônibus 509, que
faz a linha que vai até o bairro João Agripino, uma vez questionou o porquê da
mudança e um motorista chegou a dizer que isso ia acontecer em toda a cidade.
“Ele disse que era para economizar, porque cada vez menos gente vem pagando com
dinheiro, o que faz com que precise cada vez menos de troco. De qualquer forma,
eu já vi motorista tendo que levantar para dar troco a uma mulher grávida que
entrou por trás. Isso tudo tem prejudicado e muito a gente”, lamentou.
 
Um
motorista de ônibus, que preferiu não se identificar para evitar retaliações,
confidenciou que um acordo foi feito com a classe e nas folhas dos
profissionais foi acrescido o valor de R$ 200 para que as duas funções fossem
acumuladas. “Isso está sendo muito ruim. Diversos amigos meus ficaram
desempregados e agora a gente tem que fazer tudo. Isso está acontecendo há
aproximadamente três meses e a previsão é que em alguns anos todos os ônibus
estejam dessa forma, só com os motoristas”, afirmou.
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Conforme
o presidente do Sindicato dos Rodoviários da Paraíba, Antônio de Pádua, essa
foi uma medida autorizada pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana
de João Pessoa (Semob) e acordada com a classe. Ele garantiu que não houve
nenhuma demissão devido a essa mudança e ela não afeta nem 20% do efetivo
total. “Apenas as empresas que fazem a linha da Torre, João Agripino, São José,
Castelo Branco, Ceasa e Cristo foram autorizadas e nenhuma outra irá aderir a
essa mudança. Isso só aconteceu em linhas que não tinham muita circulação de
dinheiro e mais pessoas que pagavam com cartão e os funcionários foram
reaproveitados”, garantiu.
 
O
superintendente da Semob, Roberto Pinto, ratificou que a medida só foi tomada
por conta da baixa necessidade da presença dos funcionários em algumas linhas e
estes são casos específicos em que, para viabilizar tecnicamente o atendimento
de uma linha a determinada comunidade se torna viável a retirada do cobrador.
“Para ter uma ideia, existem linhas que em uma viagem inteira só pega quatro ou
cinco pessoas que pagam em dinheiro, o que acaba onerando o sistema, porque
isso tudo é avaliado na hora de formularmos o preço da tarifa. Como o nosso
foco é atender a população, uma forma de avaliar é deixar o custo operacional
menor, por isso essa medida”, explicou.
Segundo
o procurador do Trabalho Paulo Germano, não existe ilegalidade na retirada dos
cobradores, no entanto existe um procedimento investigatório por meio do qual o
Ministério Público do Trabalho (MPT) acompanha a questão. “É preciso informar
que todos os casos de abuso devem ser levados ao conhecimento do MPT, pois é
preciso que haja uma preservação de uma condição de trabalho adequada. Os
motoristas que se sintam prejudicados podem entrar em contato por meio do
3612-3100, já os consumidores devem procurar a Procuradoria do Consumidor”,
orientou.