Encarroçadoras que se foram: Cermava

Fonte: Lexicar Fotos: Acervo Com a crescente sofisticação introduzida nos ônibus rodoviários pela concorrência, a participação da Cermava no segmento de longa distância, que nunca foi significativa, ...
Fonte:
Lexicar
Fotos: Acervo

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Com a crescente sofisticação introduzida nos ônibus rodoviários pela
concorrência, a participação da Cermava no segmento de longa distância, que
nunca foi significativa, se reduziu ainda mais. O modelo urbano, no entanto,
teria vida longa, passando por sucessivas atualizações estéticas ao longo da
década de 60, sempre mantendo a silhueta acentuadamente arredondada (porém bem
proporcionada) da marca, especialmente na traseira e na curvatura do teto. Em
1963 ganhou nova frente e para-brisas maiores e, logo a seguir, janelas
inclinadas em toda a linha e para-brisas dianteiros ainda mais altos e com
menor curvatura lateral.

Em
1966 o bem resolvido desenho de sua carroceria alcançou o melhor momento,
graças à nova traseira com amplos para-brisas e à peça de fibra-de-vidro
envolvendo a grade e os faróis duplos.
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Em
1968, um anti-clímax com o lançamento do modelo Frente Nova (faróis
retangulares e grade de barras horizontais delgadas, encimada por uma larga
tela de alumínio de baixa qualidade). Este modelo foi retocado em 1970, quando
teve aliviada a infeliz estilização anterior, esforço auxiliado pelo retorno
dos faróis duplos e pela substituição da tela de alumínio expandido por barras
horizontais.

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Embora apresentasse um produto de qualidade, a Cermava,
empresa de pequeno porte, não aproveitou o crescimento de mercado nos anos 60
para modernizar suas instalações, processos industriais e veículos, vindo a
sofrer fortemente os efeitos da crise que quase destruiu o setor no final da
década. Para agravar o cenário, em meio a uma disputa de herança pela morte do
proprietário, em fins de 1968 a fábrica foi tomada por um incêndio. A produção
foi drasticamente reduzida: de 440 ônibus em 1967 (417 urbanos, terceiro maior
produtor do país, junto da Eliziário), caiu para apenas 160 em 1970. Assim, em
outubro daquele ano, com a fabricação reduzida a menos de 20 carrocerias
mensais, a empresa – até recentemente líder de mercado no Rio de Janeiro –
entrou em concordata.
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Cermava sobre chassi Mercedes-Benz LP-321 no fim da década de 1950; Pertencente a carioca Auto Ônibus Madureira, o veículo da foto está acompanhado de um hodômetro portátil, provavelmente procedendo à medição da extensão da linha
Na tentativa de ocupar sua mão-de-obra, que já fora
reduzida á metade, por encomenda da Construtora Camargo Corrêa fabricou, ainda
em 1970, um papa-filas para o transporte de trabalhadores no canteiro de obras
da hidrelétrica de Ilha Solteira. Montado sobre semi-reboque Fruehauf e
tracionado por um cavalo mecânico Mercedes-Benz LP331, o conjunto, com 18 m de
comprimento e capacidade para 238 passageiros, foi anunciado como o primeiro de
uma série. Apesar de ter sido também sugerida sua aplicação militar, para o
transporte de tropas, um único exemplar foi construído.
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Em
1971 a Cermava conseguiu ainda alguma recuperação (229 carrocerias, das quais
190 urbanas), não logrando, porém, acompanhar os índices do setor e continuando
a perder posições relativas (8º – e penúltimo – produtor nacional, com 5% do
mercado, contra 5º lugar em 1967, com 11%). Finalmente, no último trimestre de
1971 a empresa decidiu encerrar a fabricação. Antes do final do ano, no
entanto, a Metropolitana adquiriu
suas instalações e, valendo-se do prestígio da marca Cermava, retomou a
produção, que logo alcançou 30 unidades mensais.
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Mercedes-Benz LP 1970 da extinta Viação Coimbra, de Juiz de Fora (MG); Perfeitamente restaurado, o ônibus foi fotografado em 2014 por Jair Barreiros
Novo modelo foi apresentado em 1972. Numa época em que
a indústria de carrocerias embarcava na moda do teto plano, a Metropolitana
lançou mão de uma solução engenhosa para modernizar, sem grandes investimentos,
o estilo ultrapassado da Cermava: no alto das janelas laterais instalou “bandeiras” de vidro curvo que,
ao mesmo tempo que aumentava a visão externa para os passageiros de pé, não
exigia alterações na estrutura do ônibus nem a enfraquecia, como freqüentemente
ocorria nas casas fabricantes tecnicamente menos preparados. Disponível também
para montagem sobre chassis e plataformas com motor traseiro, este modelo foi
batizado Copacabana.
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Último lançamento da Cermava, já sob a administração da Metropolitana, o modelo Copacabana foi o único ônibus brasileiro a trazer as janelas laterais com vidros curvos
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Os últimos Cermavas produzidos foram modelos Metropolitana Ipanema
A compra da Cermava dotou a Metropolitana – que até
então só fabricara carrocerias de alumínio – de toda uma linha de produção de
estruturas de aço. Ao renovar seu modelo urbano em 1973 (ao qual deu o nome
Ipanema), a Metropolitana lançou-o em duas versões: com carroceria em aço
estampado ou em perfis de alumínio. A versão em aço foi chamada Cermava
Copacabana. Em 1975 a Caio adquiriu o controle da Metropolitana, desativando a
marca Cermava. Estima-se que, até sua transferência para a Metropolitana, a
empresa carioca tenha fabricado pouco mais de 6.000 unidades.

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