Conheça a única fábrica do Grupo Busscar que continua em atividade

Fonte: A Notícia Foto: Rodrigo Philipps / Agência RBS    Quando a Busscar fechou as portas, em 2012, levou consigo as demais seis unidades do grupo (Busscar Comércio Exterior, Bus Car ...

Fonte:
A Notícia

Foto:

Rodrigo Philipps / Agência RBS 
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Quando
a Busscar
fechou as portas, em 2012, levou consigo as demais seis unidades do grupo
(Busscar Comércio Exterior, Bus Car Investimentos e Empreendimentos, TSA
Tecnologia, Climabuss, Nienpal Empreendimentos e Participações e Lamba
Participações e Empreendimentos), exceto uma delas: a Tecnofibras.


Em meio às turbulências, a unidade de soluções em plástico não estava com as
finanças ameaçadas e continuou tocando o negócio enquanto via a fabricante de
ônibus desmoronando ao seu lado. 

Por pertencer ao mesmo grupo, a Tecnofibras
deveria, em tese, seguir um modelo de gestão semelhante, mas não foi assim. A
sobrevivência da unidade se deve a uma decisão acertada da família de chamar um
gestor externo para ela.

Paulo Alberto Zimath, especialista em recuperação de empresas, foi escolhido
para arrumar a casa no início de 2007. O objetivo era deixar as finanças da
Tecnofibras em dia para colocá-la à venda. Os recursos seriam aplicados na
Busscar.

Não deu tempo de concretizar o plano. A crise se agravou e o Grupo Busscar
faliu em 2012 (decisão revertida pela Justiça em novembro de 2013). Mas a
medida salvou o negócio da Tecnofibras.

A empresa desenhou um planejamento estratégico e tributário, reduziu custos,
implantou uma nova estrutura organizacional e aprimorou os processos.

A margem operacional (indicador que mede a eficiência da operação) saiu de um
resultado negativo em R$ 600 mil no período de 2003 a 2006 para R$ 34,2 milhões
entre 2007 e 2013. A carteira de clientes tem nomes como Volvo, Scania, John
Deere, Mercedes-Benz, Ford e Mitsubishi.

Apesar do cenário de incerteza sobre o futuro, a rotatividade de trabalhadores
tem sido de 2,3%, em média.

Para Zimath, isto se deve ao fato de que os salários nunca atrasam e ao que os
trabalhadores observam todos os dias: de 12 a 15 carretas saindo do pátio
carregadas de produtos para São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Clima de
incerteza

Os cerca de 400 funcionários da Tecnofibras já se acostumaram a trabalhar em um
cenário de indefinição. Há anos, vivem a expectativa do dia em que a empresa
será colocada à venda. Mais uma vez, este dia parece estar próximo.


Se tudo der certo, em 19 de agosto, a assembleia dos credores do Grupo Busscar
vai decidir pela falência ou aprovação do plano de recuperação judicial.

Nos dois casos, a Tecnofibras terá a venda autorizada.

Se a assembleia decidir pela falência do grupo, o dinheiro da venda vai pagar
parte dos credores. Se o plano de recuperação for aprovado, os recursos serão
aplicados na retomada das atividades da Busscar.
A
Tecnofibras está avaliada em R$ 73 milhões, de acordo com o administrador
judicial Rainoldo Uessler.

Em 2008, a Busscar já pensava em vender a Tecnofibras para reinvestir na
Busscar. No final de 2013, quando o grupo estava oficialmente falido, havia
oferta de compra por aproximadamente R$ 60 milhões, revela o diretor-geral
Paulo Zimath.

Mas a falência foi revertida na Justiça e o negócio não pode ser concretizado.

Agora, Zimath diz que há uma empresa internacional e outra nacional
interessadas na Tecnofibras, apenas aguardando o momento em que ela for
colocada à venda.

A qualidade e a tecnologia dos produtos são diferenciais importantes. Para
ingressar nesse segmento, um novo competidor levaria no mínimo dois anos de
trabalho conjunto com uma montadora até chegar ao ponto ideal, explica Zimath.

Comprar uma empresa que já está no ramo e tem reputação seria um caminho mais
seguro. É por isso que o executivo acredita na concretização da venda em no
máximo oito meses, após autorização da Justiça.

Não só o grupo se beneficiaria com a mudança de dono, mas o próprio negócio
ganharia impulso.

O que trava o crescimento da Tecnofibras é a dificuldade de atração de novos
grandes clientes.

A empresa fornece produtos para o setor automotivo, onde há muitas
multinacionais – que não fazem negócios com parceiros cujas finanças estejam em
risco. A Tecnofibras não tem dívidas, mas faz parte de um grupo em situação
delicada.

Por sorte, sua reputação no mercado conseguiu segurar os clientes antigos, que
continuaram pedindo novos produtos. 

— Se já tivesse sido vendida, a Tecnofibras poderia ter o dobro do tamanho —
diz Zimath.

O faturamento tem oscilado pouco abaixo dos R$ 100 milhões, longe dos R$ 133,8
milhões alcançados em 2011. Em 2014, a receita deve cair 30% por conta da
redução do mercado. O carro-chefe dos negócios é o setor de caminhões, que
representa 65% das vendas.
Aposta
em novas tecnologias e produtos
A
Tecnofibras é uma empresa que não se deixou paralisar por causa da crise no
Grupo Busscar. Como sempre comercializou produtos para o mercado, tinha vida
própria e conseguiu avançar tecnologicamente.
Uma
das apostas mais recentes é o uso de nanotecnologia nos compostos que utilizam
fibra de vidro, com o objetivo de reduzir peso, espessura, melhorar a
resistência e aumentar a flexibilidade das soluções quando necessário.

— Estamos realizando testes com nanocompósitos para implantação em produtos do
setor automotivo no final do ano — diz o diretor Paulo Zimath.

Inovar no material tornou-se mais fácil a partir de meados de 2006, quando a
Tecnofibras comprou uma máquina alemã e passou a fabricar a matéria-prima
internamente, no lugar de importar o produto. Deu tão certo que hoje até
fornece para terceiros.

Ainda há muito o que fazer nessa área. A própria fibra de vidro é um material
com grande potencial de crescimento. Ela substitui a chapa de aço, mas o
percentual de uso ainda é pequeno, segundo Zimath.

A empresa está animada também com os testes de produtos para ingressar na
construção civil – portas, pisos e outros itens que poderão substituir a
madeira. Zimath diz que não custam o dobro do preço e duram muito mais.