Assembleia da Busscar é adiada para a próxima terça-feira em Joinville

Fonte: A Notícia Matéria / Texto: Larissa Guerra Foto: Adriano Minervino Diante do baixo número de trabalhadores presentes e da ausência do representante dos ex-sócios da Busscar, Randolfo Raiter ...

Fonte: A Notícia


Matéria / Texto: Larissa Guerra

Foto: Adriano Minervino

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Diante do baixo número de
trabalhadores presentes e da ausência do representante dos ex-sócios da
Busscar, Randolfo Raiter e Valdir Nielson, foi adiada para a próxima
terça-feira a assembleia da Busscar que deve eleger o gestor
judicial da companhia.

A
expectativa era de que 2 mil credores da empresa fossem votar na tarde desta quinta no Centreventos Cau Hansen, em Joinville, mas o volume
de participantes foi menor.


Passado das
15h30, o administrador judicial Rainoldo Uessler anunciou à plateia o adiamento
da votação. Para que eleição ocorresse nesta quinta, era necessário contar
com a presença de 50% dos credores de cada categoria, mas este número não foi
atingido no grupo de trabalhadores e de quirografários.

Ao encerrar
a assembleia, o placar eletrônico apontava a presença de 18,17% do
total de créditos trabalhistas, 26,09% dos créditos quirografários e 95,73% dos
créditos de garantia real. 

Na próxima
terça, a assembleia ocorrerá independentemente do número de credores ou do
total de créditos presentes. Conforme explica Rainoldo Uessler, o cronograma
será igual ao desta quinta, com o credenciamento começando às 8h e as
deliberações, às 15h.

— O que
mais demora para fazer é o credenciamento. Como a tendência é de que o número
de credores presentes seja ainda menor, a votação deve ser definida em meia
hora, mais ou menos — afirma.

Caso haja
empate entre os candidatos ou se um deles não alcançar a maioria dos votos
— considerando o volume de créditos, e não o número de votantes — o segundo
turno será feito entre os dois nomes mais votados, logo após o resultado da
primeira votação.

Para o
presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos, o baixo número
de trabalhadores presentes nesta quinta seria um reflexo do desânimo dos
ex-funcionários diante do imbróglio que se tornou o caso.

— É muito
complicado para o trabalhador perder um dia de trabalho, se deslocar até o
Centreventos para não ter a assembleia. E, depois de tantas reviravoltas, eles
não se sentem mais empenhados em serem atuantes. Estamos alertando a eles que é
importante comparecer na terça-feira e vir votar — diz.

BNDES
sem indicação

Presentes na assembleia, três representantes do BNDES preferiram fazer mistério
quanto ao voto de um dos principais credores da Busscar — o banco tem
aproximadamente R$ 60 milhões a receber da companhia. Eles negam, também, que a
instituição tenha indicado um dos quatro candidatos a gestor.

— Estamos
acompanhando o processo porque o que o BNDES quer, na verdade, é que a empresa
volte às suas atividades. Mas, para isto, é preciso que haja um plano de
recuperação judicial consistente. Como ainda não há um plano, não temos
condições de avaliar o que vai ser da Busscar — diz Marcelo Rangel,
advogado do banco.

Rangel
comentou ainda a última manifestação do BNDES sobre o processo, usada pelo juiz
Marco Augusto Ghisi Machado para embasar a recusa do pedido de destituição de
Rainoldo, feito pelos diretores afastados da Busscar no início do mês.

— Nossa
crítica é com relação à demora para que se resolvam as coisas. É impossível
acreditar que a Busscar está há dois anos em recuperação judicial e que não há
sequer um plano para que os credores possam avaliar se há condições de a
empresa se reerguer.

Desabafo
e esperança entre os trabalhadores

Entre os
trabalhadores, houve vaias e reclamações após o anúncio do adiamento da
assembleia. Para o ex-funcionário Daniel Rech, que trabalhou durante 23 anos da
Busscar, seu descontentamento veio em forma de uma carta à empresa, em que
pedia mais “ética, dignidade e respeito”.

— A gente
vai ter que esperar até quando para ter o nosso dinheiro? — indaga?

Já para a ex-funcionária Milena de Aguiar Corrêa Bartel, a nova assembleia é um
sinal de esperança em ver, um dia, novos ônibus saindo da fábrica da Busscar.

— Eu quero
muito ver a Busscar forte de novo. Precisamos votar e torço para que logo tudo
se resolva — diz.