Marcopolo Paradiso G4 1400 e seu primeiros compradores

Fonte:  Portal Ônibus Paraibanos Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Em março de 1983 a encarroçadora gaúcha Marcopolo resolve apresentar sua nova geração de ...
Fonte:  Portal
Ônibus Paraibanos
Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

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Em março de 1983 a
encarroçadora gaúcha Marcopolo resolve apresentar sua nova geração de ônibus,
com vistas a substituir gradativamente a Geração III, em produção desde 1975. O
número de unidades vendidas da G. III, composta pelos modelos rodoviários
Marcopolo III Seletivo e o Marcopolo III “Bunda Preta” ainda eram
satisfatórios. Foi uma linha exitosa em vendas, assim como foi as Gerações II e
I. No entanto, desde 1979 a concorrente Nielson, da cidade catarinense de
Joinville, com a linha Diplomata 2.40, 2.50, 2.60 e 2.60 SUPER vinha alcançando
boa e gradativa participação de mercado. E o que era pior, a Marcopolo não
tinha no seu catálogo um ônibus que pudesse fazer frente aos ônibus Diplomata
2.50, 2.60 e 2.60 SUPER. Esse último, então, na versão “1 piso e meio” (3,50
metros de altura), tanto em configurações de chassis 4 x 2 quanto 6 x 2, era o
novo “supra sumo” das empresas.

Um sucesso absoluto. Alguma coisa precisava ser feita…

Então, em março de 1983, a
Marcopolo apresentou seus novos modelos de carroçarias de ônibus, a Geração IV
(G. IV). Com o slogan de lançamento “Sistema Tecnológico de Transportes”, as
novas carroçarias de ônibus, tanto para o segmento rodoviário quanto para o
urbano, foram enfim conhecidas pelo público. Como sempre fez nas gerações
anteriores, os primeiros modelos a serem lançados sempre são os de maior número
de vendas, veículos de entrada da linha, que seriam uma espécie de “populares”,
destinado às operações de transporte urbano e rodoviário de curtas distâncias.
Seguindo a metodologia das apresentações de 1974 (G. III), de 1970 (G. II) e
1967 (G. I), de dose gradativa de lançamento dos novos produtos, os primeiros
modelos expostos foram o Strada, encarroçado sobre chassi MBB OF-1313/45
(versão intermunicipal); o Viaggio sobre plataforma MBB O-364 12R (versão
rodoviário); o Torino STD (Torino Expresso) e o Torino Articulado.
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Com exceção dos modelos
Strada e Viaggio, destinados às operações de transporte rodoviário de
passageiros, os demais modelos eram destinados ao transporte urbano. A produção
das novas carroçarias da G. IV seguia de forma conjunta com a G. III, que ainda
vendia bem e já tinha mercado consolidado, permanecendo na linha de produção da
fábrica até o final do ano seguinte, 1984. O lançamento desses ônibus permitiu
a equipe de engenharia e de design da Marcopolo tempo para se dedicar aos novos
ônibus que complementariam o catálogo de produtos da G. IV. E que era um ônibus
de “1 piso e meio” pra concorrer com o Nielson Diplomata 2.60 SUPER, o
queridinho das empresas de ônibus. Mas a Marcopolo iria além e pretendia abrir um
novo nicho de mercado, que era a das carroçarias HD (High Deck), dois andares.
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Por dois andares, definia-se
um veículo alto, com um bagageiro externo passante (de um lado ao outro da
carroçaria), com grande capacidade de bagagem e de encomendas. No mínimo tinha
de ter 1,40 metro de altura e de 10 a 13 metros cúbicos de capacidade de carga.
A carroçaria tinha de ser mais longa do que as do Diplomata 2.60 SUPER e
Marcopolo III quando encarroçados sobre chassis trucados, a nova moda do
momento. Então, aproveitou-se o comprimento máximo permitido pela legislação
vigente e as novas carroçarias passaram a ter até 13,20 metros de comprimento.
Com essa premissa, a de ter um produto moderno, de design atraente e que fosse
competitivo para fazer frente ao Diplomata 2.60 SUPER nasceu o Viaggio 1100. E
abrindo um novo nicho de mercado, até então inexplorado, surgiu o maior ônibus
até então fabricado no Brasil, o Paradiso 1400 HD.
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Um ônibus atraente, de
design moderno, com grande capacidade de transporte de passageiros e de
encomendas e/ou bagagens. Foi uma sensação nas rodoviárias e nas estradas.
Perto dele, todos os demais ônibus se tornavam anões, devido a sua altura, 3,80
metros, indo até 3,90 metros com ar condicionado traseiro. Um gigante que
passou a ser a nova tendência para o transporte rodoviário de passageiros em
linhas de médias e longas distâncias, bem como opção para o segmento de turismo
e fretamento. E a primeira empresa no Brasil a comprar o novo Paradiso foi a
União Cascavel (Eucatur), com sede em Cascavel, Paraná. Montado sobre chassi
Volvo B58E, chassi trucado, ar condicionado, porta de acesso aos passageiros no
meio da carroçaria, porta para o acesso do motorista no lado esquerdo da cabine
(algo inédito), banheiro (WC) no primeiro andar, ao lado da porta de acesso ao
salão de passageiros, os novos veículos da União Cascavel foram escalados para
fazer a linha Cascavel x Porto Velho (Rondônia), pois tinham tudo a ver com a
linha, principalmente a grande capacidade de carga no bagageiro, fator
extremamente interessante naquela época nesse itinerário, devido a grande
migração de agricultores para os Estados do Mato Grosso e Rondônia.
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A aquisição dos ônibus
Marcopolo Paradiso 1400 HD G. IV pela Eucatur foi no ano de 1984. Ainda nesse
mesmo ano as empresas Pluma e Andorinha também compraram os novos veículos. No
entanto há uma controvérsia até hoje ainda não devidamente esclarecida. É a de
que talvez o ônibus da Nielson, Série 300, modelo Diplomata 380, tenha sido
lançado antes do Paradiso 1400. Alguns meses antes, ainda em 1984, mas
tornando-se assim ele a ser o primeiro HD (High Deck) dois andares fabricado no
Brasil. Pra aumentar a guerra e as dúvidas, ainda em 1984 a União Cascavel
comprou e recebeu unidades do Diplomata 380. Mas isso é um assunto que trataremos
em outra postagem.