Comil inspira-se em montadora e leva consórcio modular para nova fábrica

Fonte: Automotive Business Matéria / Texto: Sueli Reis Foto: Divulgação Pouco mais de um mês após a inauguração de sua nova fábrica de ônibus urbanos em Lorena, na região do Vale do Paraíba (SP) – ...

Fonte:
Automotive Business

Matéria
/ Texto: Sueli Reis

Foto: Divulgação
comil670 1Pouco
mais de um mês após a inauguração de sua nova fábrica de ônibus urbanos
em Lorena, na região do Vale do Paraíba (SP) – leia aqui
–, a encarroçadora Comil entrega
a primeira unidade de um lote de cinco do modelo Svelto com chassi VW 15.190.
Os ônibus serão produzidos no local para o cliente Samaúma, operador de locação
e fretamento de Belém (PA).

Os veículos, cujo lote total é de 50 unidades (45 foram produzidos em Erechim,
sede da Comil no Rio Grande do Sul), serão entregues ao longo deste ano e farão
o transporte de trabalhadores dos canteiros de obra da usina de Belo Monte.
Considerada uma das mais modernas da América Latina por seu CEO, Silvio
Calegaro, a fábrica traz um novo conceito de produção até então nunca utilizado
em uma linha do segmento ônibus no País.


“Nossa proposta era trazer para o mundo do ônibus o que já existe de mais
moderno no segmento de caminhão, partindo do conceito de poder customizar o
ônibus com um processo muito mais automatizado, diferente do sistema
‘artesanal’, tão tradicional da indústria nacional de chassis”, disse Calegaro
na quarta-feira, 29, durante a entrega do primeiro veículo da marca fabricado
em Lorena e que marca o início de sua produção comercial.

Em quase dois quilômetros de extensão de linha, a encarroçadora conta com
fornecedores in loco, nos moldes do chamado consórcio modular, no qual
ou componente é trazido e montado pela própria fornecedora, a exemplo do que a
MAN Latin America faz em sua fábrica em Resende (RJ). Para Calegaro, a Comil
adaptou o conceito para um tipo de consórcio modular misto, em que fabricante e
fornecedor atuam em conjunto, mas em áreas diferentes.

“Temos como parceiros a Soluções Usiminas, na área de chapas de aço,
responsável pela dobra, corte e furos; Alcoa, fornecedora das chapas de
alumínio; Pilkington, que monta os vidros dos carros; Isringhausen, na montagem
dos assentos; Speed Colty e Axalta, na área de pintura e tintas; e Mnac,
fabricante de chicotes elétricos, além da BMS Logística, responsável pela
logística interna da fábrica, a mesma que auxiliou na implantação do consórcio
modular na fábrica da MAN em Resende.”

A unidade também conta com inspeção final de chassis da Mercedes-Benz e MAN
após os processos de alongamento ou encurtamento. Por enquanto, a fábrica só
monta modelos sob chassis com motor dianteiro, mas, segundo o gerente comercial
Vinícius Quintanilha, há planos futuros para montar modelos sobre chassis
Scania com motor traseiro.

“Não há restrições de chassi, a unidade está preparada para receber quaisquer
tipos de modelo.”


ESTRATÉGIA

A nova planta da Comil, a segunda no País (a primeira e sede está localizada na
cidade gaúcha de Erechim, com capacidade para 4 mil ônibus/ano), recebeu
investimento de R$ 110 milhões, dos quais R$ 53 milhões foram utilizados em
máquinas e equipamentos, boa parte subsidiada pelo BNDES Finame. O restante do
aporte foi utilizado na construção civil (prédios) a cargo da RB Capital, de
São Paulo. Construída em parte de um terreno de 210 mil metros quadrados, a
unidade ainda tem área disponível para ampliação, além de outros 210 mil metros
quadrados, ainda não utilizados.

Planejada para montar dez ônibus por turno, a empresa tem como meta atingir
esse patamar até o fim do ano – atualmente, são fabricadas 2,5 unidades por
dia. Sua produção é exclusiva para os modelos urbanos Svelto e Svelto Midi,
antes montados em Erechim, hoje responsável apenas pela linha de rodoviários e
modelos urbanos mais sofisticados, como os ônibus para sistemas de BRT.

A localização é mais do que estratégica, ressalta Calegaro: “Temos ganhos
logísticos: deixamos de levar os chassis até Erechim para depois trazê-los de
volta ao Sudeste; e aumento expressivo de nossa competitividade, porque estamos
às margens da rodovia Presidente Dutra, na região do Vale do Paraíba, em um
trecho privilegiado que nos aproxima dos três maiores mercados de ônibus
urbanos do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os três juntos
representam mais de 60% deste mercado. Com isso, o custo-benefício é muito mais
competitivo.”

A fábrica iniciou suas atividades a todo o vapor: em linha, já está sendo
montado um primeiro lote, cujo volume não foi divulgado, do modelo Svelto Midi,
que tem como cliente a SPTrans, responsável pela administração do transporte
público da capital paulista. O executivo destaca ainda que, por causa do nível
de modernidade e automação, a capacidade para produzir dez ônibus por turno é possível
com apenas 300 funcionários. Segundo ele, para alcançar o mesmo volume, uma
linha tradicional de carroceria precisaria de mil pessoas. De acordo com o
planejamento, a empresa pretende gerar até 500 empregos diretos. Hoje, pouco
mais de 150 pessoas trabalham na nova fábrica.

MERCADO

Otimista com o ganho de produtividade – a fábrica de Lorena elevará em mais de
100% sua capacidade produtiva –, Calegaro projeta um 2013 mais robusto:

“Com a prospecção de novos clientes e planos de buscar mais mercados para
exportação, nossa produção vai crescer pelo menos 20%”, disse. A partir de
2015, a empresa deve ampliar os turnos de trabalho, mas o executivo lembra que
tal decisão dependerá do cenário macroeconômico.

“Acredito que o mercado está em ascensão. Quando essa fábrica foi pensada pela
primeira vez, em outubro de 2009, não havia qualquer certeza sobre o cenário
econômico nacional ou internacional, apenas que o Brasil está em ascensão,
porque este é um plenajemento para o longo prazo.”

Segundo ele, a carteira da nova fábrica está formada: já há clientes na própria
Lorena e em São Paulo (SPTrans), além da Samaúma.

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