Grupo Gontijo resolve diversificar suas carrocerias de ônibus

Fonte: Mobilidade em Foco Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Em maio de 2007, após 25 anos de fidelidade quase que absoluta a fabricante de carrocerias de ônibus ...

Fonte: Mobilidade em Foco


Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro

Fotos: Acervo Paraíba Bus Team
S%C3%A3o+Geraldo+10535Em maio de 2007, após 25 anos de fidelidade quase que
absoluta a fabricante de carrocerias de ônibus Busscar, de 1982 a 2007, a
diretoria do Grupo Gontijo decidiu que era chegada a hora de diversificar a
carteira de fornecedores de carrocerias para seus ônibus. Até então, a
encarroçadora Nielson, depois Busscar, prevaleceu em quase 100% da frota da
companhia de viação. A última compra da Marcopolo, por exemplo, tinha sido de
algumas poucas unidades do Viaggio 1100 G.IV, com chassi Scania K112 em 1985. E
antes, dos ônibus Geração III Executivo e Leito, montados sobre chassis Scania
BR 115 e BR 116, configuração 4 x 2 (toco). 
A convivência com a renomada
fabricante Nielson/Busscar foi longa porque a qualidade dos produtos da empresa
joinvilense sempre agradou o Grupo Gontijo. Preço, assistência técnica, longa
vida útil, design atraente e conforto quase que ímpar sempre foram fatores
decisivos nas decisões de compras da empresa mineira. Em entrevistas, Abílio
Gontijo revelou que atendia com prazer os representantes de todos os
fabricantes de chassis e de carrocerias. Ouvia atentamente e exigia elaborada
planilha de custos operacionais. Depois tomava sua decisão. E a decisão sempre
recaiu sobre os ônibus da Nielson/Busscar montados sobre chassis Scania.

Neste período muitos ônibus passaram
pela frota da Gontijo, até encerrar o seu ciclo de vida útil. Da Nielson, entre
1984 a 1990, a preferência recaiu sobre o modelo Diplomata 330 com chassi
Scania S112CL, motor dianteiro, configuração 4 x 2. Unidades do 330 sobre
chassi Scania K112CL, motor traseiro, também foram incorporadas, chassi no
toco. Em menor número, mas com presença maciça, o Diplomata 350 também se fez
presente nas cores da Gontijo, todos com chassi K112TL 6 x 2, trucados. Na
década seguinte, anos 90, as carrocerias da Busscar continuaram a reinar na
frota. O El Buss 340, das Séries 1, 2, 3, 4, 5 e 6 predominaram no mix das
compras.
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Todos sobre chassis Scania. Já não
mais da Série 2, como nos anos 80. E sim da Série 3, época dos S e K113. Todos
ainda na configuração de chassi 4 x 2. A Gontijo sempre se pautou por ser um
pouco avessa a novidades quanto a carrocerias, preferindo carros tradicionais,
standard, segunda versão de entrada do portfólio de carrocerias da Busscar,
pois a primeira versão era o El Buss 320. Assim como nunca adquiriu o modelo
top de linha da Nielson, o Diplomata 380, seu sucessor, o Busscar Jum Buss 380,
não fez parte da lista de compras da Gontijo. Praticamente podemos dizer que
Abílio Gontijo sempre priorizou ter o melhor chassi, a última novidade, o mais
potente. Neste contexto, para a carroceria, chassis de última geração. Já para
os passageiros, a contrapartida seria uma carroceria LD (Low Driver) ou DD
(Double Decker).


Seria. Estes ônibus, Busscar Jum Buss
Panorâmico 400P ou o próprio dois andares da Busscar, jamais foram comprados
pela Gontijo. Sequer um HD (High Deck), como o Jum Buss 380 foi opção de
compra. Sorte da renomada empresa mineira não ter como linhas suas a Rio x São
Paulo ou São Paulo x Curitiba. Se tivesse que operar tais linhas e tendo como
concorrentes empresas do porte da 1001, Cometa, Penha e Expresso Brasileiro,
com certeza, seus números do balanço financeiro não seriam tão vitaminados.
Muito pelo contrário. Ou se modernizava e investia em frota ou rodaria com alta
taxa de ociosidade na ocupação de assentos/viagem. Para um princípio de tanta
economicidade, na primeira metade dos anos 2000 a 2010, um milagre ocorreu.

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A Gontijo investiu nas carrocerias MD
(Midle Decker), piso e meio. Com isso, os Busscar Jum Buss 360 foram
incorporados e passaram a ser o “carro chefe” em cada lote adquirido. Bem mais
caros do que os El Buss 340, ainda fabricados, mas com os quais a empresa deve
ter pressentido que não dava mais para ter como ônibus principal nas suas
linhas. E assim foi até maio de 2007, quando a Busscar começou a ter problemas
de ordem financeira e a não dar mais conta de fabricar no prazo previsto ônibus
para os seus inúmeros clientes. Com necessidade de compra de 100 a 150 ônibus a
cada dois anos para a Gontijo e de 70 a 90 unidades no mesmo espaço de tempo
para a controlada São Geraldo, o grupo decidiu ser hora de abrir o leque de
opções das compras.

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Abílio Gontijo Junior, diretor
superintendente do grupo, tornou público em entrevista que no novo lote de 150
ônibus que estavam sendo negociados, haveria a inclusão de carros da Marcopolo
e Induscar/Caio. A prioridade ainda era da Busscar, que participaria com 70%
das unidades adquiridas. A Marcopolo, após longos 25 anos, voltaria a vender,
entregando 20% do lote. E a Caio/Induscar forneceria 10% das carrocerias, do
modelo Giro 3600, que seriam destinados a frota da São Geraldo, cerca de 15
veículos. Detalhe: a diversificação foi somente quanto a carrocerias, pois o
lote todo teve a Scania como única fornecedora dos chassis.