Conforto do SETUSA e o papel do Estado

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos Texto: Enver José Foto: Acervo Paraíba Bus Team No ponto, o passageiro espera o ônibus. E o tempo começa a passar: são 15,20 minutos, que podem se prolongar até por uma ...

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos

Texto: Enver José

Foto: Acervo Paraíba Bus Team

No ponto, o passageiro
espera o ônibus. E o tempo começa a passar: são 15,20 minutos, que podem se
prolongar até por uma hora se for o momento do rush. Quando finalmente ele
acredita finalmente ele acredita que chegará ao seu destino, começa um outro
problema: o da superlotação no transporte coletivo. Esta é a rotina do
paraibano, no seu dia-dia-dia […](Jornal “A União”, 7 Março de 1989) 

A foto e a notícia acima
ilustram bem o conforto do usuário do SETUSA. Apesar de o SETUSA garantir
gratuidade para os estudantes e cobrar tarifas diferenciadas das
operadoras privadas, no que concerne ao serviço prestado, nada indica,
pelas pesquisas realizadas em jornais, que a empresa estatal modificou a
lógica de funcionamento de superlotações nos horários de pico e elevado tempo
de espera na parada de ônibus. A situação de lotação no SETUSA era mais
agravante do que nas outras empresas privadas, porque por possuir uma
tarifa mais acessível do que estas, atraia a população pessoense,
principalmente a de baixa renda, usuária do transporte coletivo. A notícia abaixo
ilustra, a situação agravante da empresa estatal e dos usuários do transporte
coletivo que sofriam com as superlotações neste sistema.

Superlotação preocupando a Setusa
A superlotação dos ônibus do
Serviço Estadual de Transporte Urbano S/A – Setusa é a principal causa das
reclamações dos usuários dos coletivos nesta empresa.
À opinião é do diretor do
Setusa, Paulo Souto, para quem as reclamações “estão dentro do percentual e não
se constituem surpresas”, tendo em vista que diariamente são transportados 2 milhões
e 100 mil de passageiros.[…](Jornal “A União”, Maio de 1989)

Ainda nesta matéria o
diretor do SETUSA, através do jornal “A União”, tenta justificar que uma
das causa dos acidentes no transporte coletivo é que “muitos usuários não cooperam,
provocando a insegurança e atrapalhando a visibilidade do motoristas.” Fica difícil
de acreditar na opinião do diretor, visto que os ônibus deveriam estar bastante
lotados para que os usuários atrapalhassem a visão do motorista no trânsito,
sendo um problema da empresa e não dos usuários. Outra justificativa para os
acidentes de trânsito no SETUSA, conforme observado na notícia abaixo, é que os
graves acidentes foram provocados por outros motoristas e não por aqueles
oriundos da empresa estatal.

Entretanto, os acidentes
mais graves foram provocados, por terceiros, conforme laudo da perícia feita
pelas autoridades do trânsito.(Jornal “A União”, Maio de 1989)

A lógica de conforto para o
usuário do transporte coletivo em João Pessoa permaneceu inalterada com o
SETUSA, até porque a sua criação partiu de uma necessidade financeira e não por
uma por questões de ordem de conforto do usuário. Os movimentos de
reivindicação de transporte só apareciam em momentos de aumento da passagem, o
que já demonstra que os problemas para estes só concerniam em relação ao
preço da passagem, negligenciando desta maneira, os outros problemas do
transporte coletivo.
Comumente os problemas do
transporte coletivo, principalmente em relação ao conforto, são tomados como naturais
pela sociedade. Já que o “sempre”, observando pelas pessoas a partir de
seu o cotidiano e vida, é tomado como verdadeiro, reduzindo por completo a
história da humanidade a uma vivência empirista do indivíduo. Por isso, é
importante reconstruir os fatos históricos-políticos, buscando nas aparências
das coisas, suas essências, na tentativa de desvelar por completo a realidade.
Não apenas buscar uma realidade restringida às pesquisas, mas possibilite que
as pessoas reflitam sobre a sociedade em que vivem.

Desta forma, como o Estado
(no sentido institucional), não foi apresentado por outras questões de ordem
material, logo este não tentou solucionar outros problemas. Observando que o
princípio da existência do Estado, tem como função apaziguar os conflitos entre
as diferentes classe sociais, o Governo Burity cumpriu o seu papel enquanto
mediador de interesses, buscando a solução (o SETUSA) para a questão
apresentada.

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