Empresas temem ônibus ‘pinga-pinga’ entre São Paulo e Rio

Fonte: Folha de São Paulo Matéria / Texto: Ricardo Mioto Fotos: JC Barboza Um aspecto envolvendo a linha de ônibus São Paulo – Rio de Janeiro, a mais importante do país, põe a ANTT (Agência ...

Fonte:
Folha de São Paulo

Matéria
/ Texto: Ricardo Mioto

Fotos:
JC Barboza
DSC03019Um aspecto envolvendo a linha de ônibus São Paulo –
Rio de Janeiro, a mais importante do país, põe a ANTT (Agência Nacional de Transportes
Terrestres) e as empresas do setor em oposição. Segundo o edital da licitação,
que trata da redistribuição de praticamente todas as linhas interestaduais de
passageiros do país, passarão a existir paradas em cidades no trajeto entre as
duas capitais, no ABC paulista e na Baixada Fluminense. As viações dizem que isso deixará a viagem mais
demorada e incentivará o passageiro a ir de avião ou carro.

A ANTT argumenta que cidades como Nova Iguaçu (RJ),
Santo André (SP) e Osasco (SP) têm, juntas, previsão de atendimento de 165 mil
passageiros por ano. Para as empresas, no entanto, essas cidades estão fora do
trajeto atual. Conforme a demanda, as viações poderiam manter linhas diretas
entre Rio e SP, segundo a agência reguladora.
“Se ganharmos, até poderemos solicitar
ligações diretas, mas o edital deixa bem claro que a ligação será via Duque de
Caxias, via São Caetano do Sul”, diz Hugo de Faveri, diretor comercial da
Itapemirim, uma das principais empresas a operar essa linha.

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“Nada garante que a ANTT vai autorizar depois.
O que importa para as empresas é o que está no edital. E o edital não dá
segurança nenhuma.”
Em nota, a ANTT destacou que “serão permitidas
viagens diretas entre o Rio e São Paulo, de forma expressa”.
A QUANTIDADE DO LOTE
A distribuição dos 54 lotes do leilão da ANTT, que
inclui 1.967 linhas e que receberá propostas em janeiro de 2014, também foi
criticada em um estudo elaborado a pedido da Associação Brasileira das Empresas
de Transporte Terrestre da Passageiros (Abrati).
Questionada pela Folha, a ANTT afirmou que
os lotes são rentáveis e que “ofertar [no leilão] lotes exatamente iguais
às redes das atuais operadoras seria direcionar a licitação para elas, que
teriam significativa vantagem em detrimento de outras empresas”.

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Segundo a agência, embora existam hoje no país duas
centenas de empresas de transporte interestadual rodoviário, não se pode falar
em mercado competitivo.
Os dados da ANTT mostram que 80% da frota
cadastrada está concentrada em 54 empresas. Segundo a agência, “isso
revela que o mercado atual está concentrado, com operadores que não têm no
transporte interestadual sua atividade mais importante”.
Faveri, entretanto, afirma que os lotes do edital
“não têm sinergia logística nenhuma”. Ele atribui a licitação atual à
vontade do governo de agilizar a licitação do trem-bala entre Rio e São Paulo.
A indefinição sobre as permissões das operadoras de ônibus, que concorrem com o
trem, criaria insegurança jurídica e afastaria investidores do projeto.

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Segundo ele, há um cuidado maior no país com o
setor aéreo e com as licitações de ferrovias do que com os ônibus.
“Justamente o ônibus, o transporte que a população elogia nas
pesquisas.”