Trólebus e VLT em João Pessoa – Projetos que nunca saíram do papel

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos Matéria / Texto: Kristofer Oliveira Fotos: Acervo Paraíba Bus Team A mobilidade urbana é uma temática contemporânea que faz parte de quaisquer projetos de restruturação ...

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos

Matéria / Texto: Kristofer Oliveira
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team


Trolebus+PBA
mobilidade urbana é uma temática contemporânea que faz parte de quaisquer
projetos de restruturação das cidades, mediante necessidade urgente de
destravar o caótico trânsito e fornecer opção de qualidade no transporte público.
Atualmente, a questão maior no país para melhorar a fluidez do tráfego e a
oferta nos transportes públicos é não passar vergonha na Copa do Mundo de 2014,
e no caso do Rio de Janeiro, somam-se as Olimpíadas de 2016. Se os olhos do
mundo não estivessem voltados ao Brasil, por ser palco dos dois próximos
eventos esportivos de maior relevância mundial, é certo que nada mudaria,
continuaria da maneira sui generis que as esferas governamentais sempre
trataram à temática, lógico, salvas exceções.

A peculiaridade de cada época é que gera o incentivo
para a implantação, complemento ou mudança de um sistema. Como dito acima, os
eventos esportivos é a engrenagem atual. No passado, como foi o caso em João
Pessoa, o objetivo maior foi a economia de combustível fóssil devido a crise do
petróleo. Dois foram os projetos para solucionar os problemas e aumentar a
qualidade e eficiência, com a implantação do trólebus e VLT. 

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Trólebus em Recife

Trólebus



Como o principal transporte público em João Pessoa a longa data é o ônibus,
somado as crises econômicas que gerava hiperinflação e a crise do petróleo no
fim dos anos 70, a qualidade e a oferta do transporte pioraram, agravando ainda
mais os problemas que existiam. Racionamento de diesel chegou a ocorrer,
empresas de ônibus não suportaram a crise, a exemplo da RB Transportes, e a
população cada vez mais revoltada devido ao aumento das passagens e a
diminuição da frota em circulação.

Para debelar os problemas no transporte pessoense, além se sincronizar-se com a
política nacional de maximização do aproveitamento das fontes energéticas, na
administração de Damásio Franca cogitou-se a implantação de um sistema de
trólebus, na qual tinha a frente do projeto a engenheira Quitéria Fátima,
secretária de planejamento da prefeitura na época, que estava no cargo
interinamente.

trolebus 2 edit
Trólebus chegando de navio

Uma série de vantagens dos trólebus foi apontada pelos estudos, tais como: a
durabilidade dos veículos, que poderiam ser utilizados mantendo a qualidade por
no mínimo quinze anos, diferente dos ônibus a diesel que com cinco anos de uso
já perdiam a eficiência; a confiabilidade dos veículos, mediante o seu controle
e supervisão automatizados; e o principal, que seria a economia de 4,5 milhões
de litros de combustível, pois seria coberto 70% do itinerário feito pelos
ônibus. 

Seriam
implantadas três linhas de trólebus na cidade no início dos anos 80, nos três
principais corredores: Epitácio Pessoa, Cruz das Armas e Dois de Fevereiro.
Inicialmente seria implantado na primeira, e na segunda parte do projeto, nas
duas últimas.


VLT
No início
dos anos 90 na gestão de Wilson Braga os bondes retornariam a cidade, para
modernizar e oferecer uma melhor eficiência no transporte local. Assim como
ocorreu no projeto dos trólebus na esfera econômica, ocorria uma crise do
petróleo consequente da Guerra do Golfo. A preocupação quanto ao uso do diesel
também era similar.

Os engenheiros responsáveis pela implantação eram o secretário do Planejamento,
José Silvino, e da STP (atual Semob), Carlos Batinga. O prefeito articulou o
projeto com o cônsul da Tchecoslováquia (atual República Tcheca e Eslováquia,
após divisão nos anos 90), Pavel Shrbeny, pois o país tinha a tecnologia e
produção do tipo de veículo desejado e necessário para o projeto.

Trolebus+PB+1Dentro do plano de execução estava previsto a implantação de um sistema
tronco-alimentador nos principais corredores da cidade, iniciando pela Pedro
II, para atender a demanda dos maiores conjuntos habitacionais da cidade,
situado no Valentina, Mangabeira , UFPB, Cidade Universitária, Bancários e
Torre, onde, logicamente, centrava-se a maior demanda e era mais urgente. Seria
iniciado com 10 km de via dupla utilizando os VLT’s energizados a 750 V c/c,
com a aquisição a curto prazo de 35 veículos bi-articulados com capacidade para
transportar 300 passageiros. Em Mangabeira estaria previsto a construção de um
terminal de integração, na qual seria abastecido por linhas alimentadoras
provenientes do Valentina e Mangabeira, feito por ônibus convencional. A linha
do VLT partiria desse terminal com destino ao centro, de onde retornaria, e
teria no trajeto 16 estações de embarque/desembarque.

Na segunda etapa do projeto, seria implantado na Epitácio Pessoa, Cruz das
Armas e 2 de Fevereiro.

Um ano após a idealização e planejamento, já na gestão de Carlos Mangueira, foi
assinado o contrato com o consórcio vencedor da licitação que implantaria o
projeto, formado pelas empresas tchecas Eskoda Export e CKD-AS e a brasileira
OAS. Estava previsto o uso de uma verba estimada em 16 bilhões de cruzeiros
para a primeira parte do projeto. 

VLT+CG
VLT a ser implantado em Campina Grande

Ambos os projetos nunca foram executados, possivelmente por algum problema de
financiamento. Melhor para os empresários, uma vez que não teve seus negócios e
interesses afetados, e pior para a população, pois continuam a sofrer
diariamente no sistema em vigência provocada pela superlotação e atrasos nos
horários, ocasionada pela frota insuficiente para atender a demanda em
determinadas linhas e pelos constantes engarrafamentos.


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