Governador Ricardo Coutinho e ministra entregam ônibus para atender mulheres

Fonte: Governo do Estado da Paraíba Foto: Divulgação A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República entregou ao Governo da Paraíba nessa ...

Fonte: Governo do Estado da Paraíba
Foto: Divulgação

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A
ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República entregou ao Governo da Paraíba nessa sexta-feira (9),
no município de Alagoa Grande, a primeira Unidade Móvel para atendimento às
Mulheres em Situação de Violência em área rurais e assentamentos. Ao lado do
governador Ricardo Coutinho, a ministra Eleonora fez a entrega simbólica das
chaves do ônibus a Arimateia Alves, filho da líder camponesa Margarida Maria
Alves, assassinada em 1983. 

O
ônibus é a primeiro das duas unidades que o Estado receberá pelo programa
“Mulher, Viver sem Violência”, lançado em João Pessoa na manhã dessa sexta, no
Palácio da Redenção. A solenidade ocorreu no centro de Alagoa Grande em
homenagem à memória de Margarida Maria Alves, sindicalista e trabalhadora rural
assassinada há 30 anos, cujo crime permanece impune. Até esta segunda-feira
(12), a cidade está realizando o Encontro Nacional de Dirigentes Camponesas,
que começou no último dia 5 e tem como tema “30 Anos sem Margarida Maria Alves,
Impunidade, Lutas e Conquistas”.
O
governador Ricardo Coutinho e a ministra Eleonora Menicucci assinaram o termo
de doação do ônibus que circulará nas comunidades rurais para que uma delegada,
uma juíza, uma psicóloga e uma assistente social atendam as mulheres.
Ricardo
Coutinho garantiu à ministra que as unidades móveis cumprirão seu papel na
Paraíba. “Ministra Eleonora, não tenha a menor dúvida de que esse ônibus vai
entrar nas comunidades rurais e nós vamos em busca de levar não só cidadania,
não só justiça e assistência psicológica e social às mulheres desse Estado, mas
vamos também buscar levar libertação, mudança de mentalidade, equidade de
gênero”.
A adesão
ao programa “Mulher, Viver sem Violência” também inclui o Ministério Público, o
Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública. O governador agradeceu à ministra e
à presidente Dilma Rousseff pela importante parceria.
Ricardo
Coutinho revelou que na década de 1980 teve a oportunidade, na condição de
militante e dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PB), de encontros
com a líder sindical Margarida Maria Alves, a própria Eleonora Menicucci e
tantos outros companheiros de luta. Ricardo destacou que Alagoa Grande, terra
de Margarida Maria Alves, cultua a luta das mulheres e dos homens por uma
sociedade sem violência.
A
ministra revelou que estar em Alagoa Grande tem um significado imenso e
profundo em sua vida. “As duas últimas vezes que vim a Alagoa Grande foi para
carregar o caixão da Margarida Maria Alves, a outra para o enterro de Maria da
Penha, outra líder sindical. Estar aqui hoje é um dia de emoção, mas sem
tristeza”.
Sobre
a unidade móvel entregue, Eleonora Menicucci garantiu: “As mulheres do campo e
da floresta terão muito mais perto as políticas públicas, não só a busca de
resolução do problema apontado por elas, mas sobretudo a prevenção da violência
contra as mulheres”.
A
ministra assegurou ainda que os governos federal, estadual e municipal estarão
em parceria ao lado das mulheres e que a luta tem que ser republicana e pelo
fim da impunidade dos agressores. “É lamentável que 30 anos depois, os
assassinos de Margarida Maria Alves ainda não foram punidos. Temos certeza que
um crime bárbaro como aquele pode prescrever juridicamente, mas não prescreve
moral e eticamente”.
Emocionado,
Arimateia Alves, filho de Margarida Maria Alves, agradeceu às três esferas de
governo e ao movimento de mulheres pelas homenagens em memória de sua mãe. “A
história de Maria Margarida Alves está marcada na história de Alagoa Grande, do
Brasil e a nível internacional porque Margarida foi única naquilo que fez,
lutou pela carteira assinada e o seguro desemprego dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais”, destacou. Se estivesse viva, Margarida estaria hoje com
80 anos.
Mulher,
Viver sem Violência
 – O programa conta com investimentos de
R$ 265 milhões e estabelece ações para a melhoria da coleta de vestígios de
crimes sexuais; a transformação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
em disque-denúncia para acionamento imediato da Polícia Militar e do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a construção da Casa da Mulher
Brasileira.
Com
a assinatura do termo de adesão ao “Mulher, Viver sem Violência”, a Paraíba é o
terceiro Estado a compor o programa do Governo Federal, coordenado pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). A iniciativa visa integrar os
serviços públicos de atenção às mulheres em situação de violência,
proporcionando-lhes atendimento humanizado.
Cada
unidade da federação receberá dois ônibus especialmente desenvolvidos para o
trânsito fora de estrada e adaptados para o atendimento às mulheres do campo e
da floresta. Todas as unidades móveis foram adquiridas pela SPM, perfazendo o total
de 54 veículos.
A
gestão de logística e o itinerário de circulação são de responsabilidade da
Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, em parceria com municípios e
sistema de Justiça.
A
líder do grupo cultural Caiana dos Crioulos, Severina Luzia “Cida de Caiana”,
disse que é importante celebrar a memória de Margarida Maria Alves, que foi
assassinada mas de suas lutas nasceram muitas conquistas para as mulheres,
principalmente para as trabalhadoras do campo.
Dirley
Aparecida, líder do Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais destacou:
“Resgatar a vida de Margarida é resgatar a luta que se acende no país todo na
defesa da terra, pela educação no campo, pelos direitos trabalhistas”. Quanto
ao ônibus, Diley acredita que será um instrumento que vai contribuir com a
redução dos índices de violência contra as mulheres.
 poeta
repentista Solenidade Leite, que já presidiu o Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Alagoa Grande e integra o Movimento das Mulheres Trabalhadoras
Rurais, disse que Margarida Maria Alves foi uma verdadeira guerreira.
“Margarida tem uma grande história e a gente luta para manter essa história
viva. Quando eles pensaram que matando Margarida calariam a voz, o sangue de
Margarida brotou em todo o Brasil e até em outros países. Ela deixou um grande
legado”.
O
secretário de Estado da Cultura, Chico César; a secretária da Mulher e da
Diversidade Humana, Gilberta Soares; o prefeito de Alagoa Grande, Hildon Régis
Navarro Filho, além de alguns prefeitos da região também prestigiaram o evento
que teve diversas atrações culturais, a exemplo das violeiras Soledade e
Minervina, Clã Brasil e os grupos As Margaridas e Caiana dos Crioulos. As
atividades em memória da líder sindical prosseguem até o dia 12 deste mês.