O-326: O primeiro e verdadeiro tribus da Itapemirim e do Brasil

Fonte: Mobilidade em Foco/Portal Ônibus Paraibanos Fotos: Acervo Paraíba Bus Team O Tribus foi uma ideia que surgiu na cabeça de Camilo Cola após conhecer alguns ônibus de três eixos que já rodavam em ...

Fonte: Mobilidade em Foco/Portal Ônibus Paraibanos
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

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Tribus foi uma ideia que surgiu na cabeça de Camilo Cola após conhecer alguns
ônibus de três eixos que já rodavam em linhas rodoviárias nos EUA, numa
viagem que ele fez nos anos 1960. Lá, visitando algumas empresas de ônibus como
a Greyhound, percebeu que um ônibus de três eixos podia transportar mais
bagagem e passageiros. Como a Itapemirim vivia uma época de expansão acelerada
dos negócios, comprando empresas de ônibus e adquirindo do governo concessões
para explorar novas linhas de ônibus, principalmente interestaduais e de grande
distância, Camilo Cola, observando o aumento na demanda de viagens rodoviárias
por conta do crescimento da economia brasileira naquele período e o forte
processo de migração de pessoas para a colonização das novas fronteiras
agrícolas que se abriam, bem como a intensa migração de nordestinos para São
Paulo, encomendou à Mercedes-Benz um protótipo do O-326, com terceiro eixo
adaptado. 

Era
o ano de 1970. A Itapemirim já tinha uma frota padronizada com a marca
Mercedes-Benz em 100% dos chassis que equipavam os seus ônibus. Também era
crescente a participação dos modelos monoblocos na frota da empresa, que tinha
desde os O-321, lançados em 1959, aos novíssimos e potentes O-326. O O-326
tinha sido lançado em 1966 e fabricado até 1970. O seu motor era da versão
OM-326 IV, seis cilindros em linha, sistema de injeção de combustível mecânico
e feito de forma indireta. Por isso, precisava de velas aquecedoras pra dar a
partida no motor, sendo uma para cada cilindro, portanto, seis velas, a moda
dos motores a gasolina. Depois, com um novo motor, que passou a equipar o novo
caminhão Mercedes L-1113 em março de 1970 essa metodologia foi substituída pela
bomba injetora com injeção direta de combustível, eliminando as velas e dando
maior confiabilidade ao motor. Mas o OM-326 IV dos O-326 era um caso a parte,
pois tinha um turbocompressor, o que elevava a sua potência para 173 cv. 

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O-321

Nada mais nada menos do que 63 cv a mais se comparado com a potência do motor
do seu irmão menor, o monobloco O-321, que tinha 110 cv de potência e motor
aspirado, de menor cilindrada. Os dois modelos, O-321 e O-326 faziam parte da
frota da Itapemirim. O primeiro utilizado em linhas de curtas e médias
distâncias. O segundo fazia as linhas de longa distância que cada vez mais era
a vocação da Itapemirim. O protótipo encomendado por Camilo Cola, O-326 com
chassis 6 x 2 (trucado), foi sim o primeiro Tribus da Itapemirim e do Brasil.
Já que a junção das palavras (Tri = três) + (Bus = ônibus), portanto, ônibus de
três eixos, é uma injustiça que se comete quando se veicula que os primeiros
Tribus foram o Ciferal Dinossauro ano 1979 e Nielson Diplomata 2.60 SUPER ano
1981. Ledo engano. Esses deveriam ser nominados como Tribus 2.

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O-326

Para o Tribus 3 ano 1970, a Itapemirim encomendou o que havia de melhor. O
chassi era robusto, já amplamente testado em milhares de quilômetros rodados
desde que foi lançado o monobloco O-321 em 1959. O motor era o mais potente
disponível pela Mercedes. E também o mais potente do Brasil entre os anos de
1966 a 1968. Outros detalhes de cunho técnico acompanharam o O-326 “Tribus”,
como direção hidráulica e freio motor. O objetivo de Camilo Cola foi um só: um
novo projeto que priorizasse o transporte de mais passageiros, com maior
conforto e velocidade de cruzeiro, com projeto específico para viagens de longa
distância. As poucas notícias que se tem a respeito desse protótipo que foi o
primeiro Tribus do Brasil, nove anos antes do Ciferal Dinossauro, são poucas.
Com certeza o seu chassi, em relação ao O-326 4 x 2 original, foi alongado. Mas
o comprimento real não se tem notícia. Uma carroçaria maior, com mais poltronas
deve ter sido encarroçada sobre o chassi, mas também é um mistério.

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No entanto, de concreto sabemos que ele existiu. E por ter existido, rodado na
frota da Itapemirim com as cores da empresa, já que, alusivo a comemoração dos
60 anos da empresa um Paradiso 1800 DD G6 foi plotado com a pintura de frota que
a Itapemirim usava nos anos 60 e 70, tendo um desenho do O-326 4 x 2
reproduzido na lateral da carroçaria, logo acima dos pneus dianteiros; e o
mesmo deu-se com outro modelo de ônibus, o primeiro veículo da empresa, o
famoso “15” que também foi reproduzido num outro Paradiso 1800 DD G6, dessa vez
com a cor da frota nos anos 50, azul, e já que se comenta que outros modelos de
carroçarias serão relembrados nas próximas plotagens, como o Ciferal
Dinossauro, Nielson Diplomata 2.60 SUPER, Tribus 2 e o Rodonave O-370 RSD, quem
gosta da busologia deveria relembrar e pressionar a diretoria da Itapemirim
para que não se esqueça do O-326 6 x 2 “Tribus” ano 1970. Este sim, o primeiro
ônibus três eixos do Brasil, injustamente esquecido, mas que não teve produção
seriada na época por causa da legislação vigente, que só foi modificada a
partir de 1980/1981, permitindo de vez a construção de carroçarias de “1 piso e
meio”, dois andares e os três eixos que hoje povoam as estradas.       

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Ele atualmente

O primeiro Tribus da Itapemirim ainda existe, não como ele era exatamente, mais existe ainda e está em operação.  Ele foi reencarroçado em um Ciferal Dinossauro e hoje se encontra na frota da Sales Turismo da Paraíba.

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Antes de ir para a Sales, passou pela Targitur também da Paraíba, aonde era agregado a Prefeitura Municipal de Rio Tinto.

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