Conhecendo as linhas: Do 206/516 ao 2514/5206: Protagonistas e coadjuvantes

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos Matéria/Texto: Josivandro Avelar Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Criadas a partir de duas das mais antigas linhas do bairro de Mangabeira, as linhas 2514 e 5206 chegaram ...

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos
Matéria/Texto: Josivandro Avelar
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

mf1

Criadas a partir de duas das mais antigas linhas do
bairro de Mangabeira, as linhas 2514 e 5206 chegaram a ter o seu papel de
protagonismo no corredor 2 durante algum tempo. Hoje, com o aumento da oferta
de transporte e criação de outras linhas, muitas delas que tinham o Rangel como
atalho e Mangabeira como destino, essas linhas perderam esse papel de
importância chegando a ser praticamente coadjuvantes dentro do corredor 2, a
ponto de tornarem-se as linhas de menor demanda do mesmo. 

Os antecedentes

As primeiras linhas do recém-inaugurado bairro de
Mangabeira estabeleceram como eixo principal as avenidas Josefa Taveira e
Euclides Neiva. A esse corredor se convencionou chamar “Mangabeira Direto”,
para os quais foram criadas linhas para o Centro passando pelo Rangel, Pedro II
e Epitácio Pessoa. Antes mesmo da numeração das linhas, era desse modo que as
linhas eram diferenciadas das do segundo corredor do bairro, chamado
“Mangabeira por Dentro”, que foram criadas um pouco mais tarde usando esses
mesmos destinos menos o Rangel (a linha 210 só foi criada em 1996). A empresa
Nossa Senhora das Neves, que tinha a Zona Sul como domínio (já que passou a
operar as linhas dos Bancários e Castelo Branco que eram da RB), assumiu a
responsabilidade pelas linhas.

Apesar da nomenclatura “Mangabeira Direto” estar em
desuso, ainda hoje é usada para identificar o terminal das linhas. O nome
“Mangabeira por Dentro”, usado para identificar o terminal das linhas 303 e
515, acabou por virar o próprio apelido da avenida Alfredo Ferreira da Rocha.
Tanto que é mais fácil ouvir esse apelido do que o próprio nome oficial da rua
quando você procura um ponto de referência próximo.
A linha 206
Das três linhas recém-criadas de Mangabeira nos
anos 80, a linha 206 significou muito para a N.S. das Neves. Era a primeira
linha dessa empresa no corredor 2 (a segunda seria a linha 207-Penha), o que
significava penetrar num território até então exclusivo da Canaã. Por
consequência, foi a última linha do corredor a ser incorporada pela
Transnacional quando esta passou a operar em João Pessoa. Até ali, 90% das
linhas do Rangel já haviam sido incorporadas pela Transnacional, já que
pertenciam a São Judas Tadeu, que havia adquirido a Canaã alguns anos antes de
sua venda para a TN.

Na Transnacional a linha 206 viveu o seu momento de
apogeu, e conseguiu com cinco carros dividir a atenção dos passageiros do
Rangel com os monoblocos da Setusa, num momento em que a empresa disputava
passageiros com a estatal (e para isso valia todas as armas disponíveis). Os
carros nada mais eram do que cinco San Remo que a TN havia herdado da Neves, os
quais já haviam feito a linha 301, e ocupavam os prefixos 0762, 0763, 0764,
0765 e 0766. Os carros tinham o chassi O-371 UP da Mercedes-Benz, e até o
momento, foram os únicos veículos Marcopolo que a TN possuiu com motorização
traseira. Mas não foram assim que os veículos passaram a compor a frota do 206.

Mesmo os carros já tendo passado dos 10 anos de uso
(supõe-se que esses carros sejam ano 1981 ou 1982), a empresa resolveu
mantê-los na frota e os reformou por completo. Substituiu a pintura, pôs frente
e traseira de Torino 1989 (ou seja, eram mutantes), os renumerou como 07125,
07126, 07127, 07128 e 07129, e os incluiu na linha 206.  Ficaram
consagrados na história como o apelido de  “minhocões”, como a população
chamava os veículos por causa dos 13,5 metros de comprimento que ostentavam,
diferente dos 10 metros dos veículos padrão daquela época. Até quem não
entendia de ônibus naquela época, sabia identificar os veículos pelo seu ronco.
Da maneira como se apresentaram, ficaram fixos na
linha de 1990 até 1994. E junto com os minhocões, se foi o encanto da linha que
viria à extinção um ano depois. Foi como se a história da linha 206 não fizesse
sentido sem a existência dos veículos que conseguiram chamar tanto a atenção
dos passageiros quanto os monoblocos da Setusa. O que só os minhocões da TN
conseguiram fazer.
Os últimos integrantes da linha 206 foram cinco
veículos com os mesmos prefixos dos minhocões, Torinos LN comprados zero, mas
com chassi OF-1618. O encanto havia acabado mesmo.
O segundo circular de bairro de João Pessoa
E já que o encanto se acabou mesmo, a linha se foi
junto. A linha 516, que saía do terminal de Mangabeira Direto com destino ao
Centro via Epitácio Pessoa, já sofria com a queda de demanda e talvez não fosse
raro encontrar algum carro dessa linha vazio. A linha foi duramente atingida
pela concorrência da Setusa, já que as linhas 1500 e 5100 tinham o dobro de
carros e um tempo de espera menor, além das vantagens tarifárias que a estatal
proporcionava aos passageiros.
Em 1995, a então STP (Superintendência de
Transportes Públicos) extingue as linhas 206 e 516 e as agrupa como Circulares,
cada uma passando no corredor da outra. Assim nasciam as linhas 2514 e 5206.
O objetivo era criar uma ligação direta entre os
corredores 2 de Fevereiro e Epitácio Pessoa a partir da fórmula que já havia
dado certo com as linhas 3510 e 5310, criadas um ano antes. Para o bairro de
Mangabeira a mudança de estrutura só exigiria a atenção dos passageiros para
que utilizassem as linhas corretas para se dirigir a cada corredor, já que só
mudava o código das linhas que os passageiros dos bairros usavam para ir tanto
à 2 de Fevereiro quanto para a Epitácio, já que as duas linhas passam dos dois
lados da Josefa Taveira.
Mesmo sendo derivada da linha 516, a linha 2514
usou o código da linha 514, como ligação de identidade com a linha 514, que
nada tem a ver com a mesma, já que seu terminal era em Mangabeira VII. As
linhas 2514 e 5206 tem como ponto final o Terminal Mangabeira Direto.
Altos e baixos que não vem de hoje
O itinerário das linhas foi pouco alterado nos seus
18 anos de existência – a linha 2514 passava antes pela Lagoa, e o 5206
praticamente é inalterado até hoje – e durante vários anos sofreu – e ainda
sofre – com altos e baixos. De 1995 até 2000 a linha enfrentava problemas em
Mangabeira e vantagens no Rangel. Como essa era a única ligação do Cristo para
a Epitácio, a demanda subia justamente nos bairros do Cristo e Rangel, mas
esvaziava em Mangabeira. E há muito tempo os moradores de Mangabeira exigiam
destinos mais objetivos para sua mobilidade urbana, um dos fatores que explica
a criação da linha 5600 em 1997. Com isso, a linha praticamente “batia pneu” em
Mangabeira.
24dae0b25051043beea48a054f03292f

Só que em 2000, as linhas 1500 e 5100 – que
competiam com o 2514/5206 ainda desde quando a linha da Epitácio ainda era
apenas 516 – tiveram seu itinerário alterado para que a linha passasse no
Manaíra Shopping (só que via João Câncio e Esperança, diferente do 5600 que
passa na praia) é que a lógica começa a se inverter. No Rangel, já haviam sido
criadas as linhas 2515/5210 que eram a reprodução exata desses circulares com o
diferencial do terminal – Mangabeira por Dentro – e de parte de seu itinerário
– a linha atende ao Hospital Universitário. Fator suficiente para a competição
de demanda mudar de lugar.

Se em Mangabeira a desmobilização das linhas 1500 e
5100 obrigou os passageiros a utilizarem o 2514 e 5206, no Rangel, a linha já
passou a ter concorrência. Não demorou para começar um processo de queda de
demanda das duas linhas, que se equilibravam entre os que pegavam o 2514/5206 e
os que pegavam o 2515/5210.
Em 1º de novembro de 2004, nascia o
5204-Cristo/Manaíra Shopping. A linha já nascera Opcional e até então não
representava uma ameaça ao 2514/5206.
Com a criação do Terminal de Integração em 2005, os
passageiros do corredor 2 já começam a buscar destinos mais objetivos. Um ano
depois, a linha 2514 deixa de fazer o giro de 180 graus pela Lagoa. Do Mercado
Central, a linha passa a ter acesso direto à Getúlio Vargas via anel interno da
Lagoa, usando a parada das linhas de Cabedelo e do 701. 2515 e 5204 também
passam pela mesma alteração visando dar objetividade ao itinerário das linhas e
reduzir o número de veículos que fazem parada no último ponto de ônibus da
Lagoa.

Em 2008, a linha 5204, que já vinha tendo aumento
de demanda – e parte dela é advinda de passageiros que deixaram de usar o
2514/5206 – recebe veículos convencionais. Com a gradual inclusão da linha ao
sistema convencional, as linhas 2514/5206, até então protagonistas, tornaram-se
meras coadjuvantes da mobilidade urbana no corredor 2. Só para se ter uma ideia
da perda de importância das duas linhas, 2 dos atuais integrantes da linha
209-Cidade Verde/Rangel eram veículos dessas linhas. Em 2005 a linha 5206 tinha
6 carros, e em 2008 a linha 2514 tinha 5 carros. Nesses anos, as linhas
perderam cada uma um veículo para a linha 209, configurando as linhas tal como
elas são, 5 e 4, respectivamente.
Quem fez história na linha
Após a sua criação, as frotas do 516 e 206 foram
direcionadas, respectivamente, às linhas 2514 e 5206. O primeiro veículo zero
das duas linhas foi o carro 0707, direcionado para a linha 2514 em 1995, do
mesmo lote dos primeiros GV da linha 3200 na TN. Outros GVs a marcarem época
foi o 0722, do lote dos GV da linha 510, e o 07181, inaugurando esse prefixo,
que era do segundo lote de GV do ano de 1996 (o primeiro havia sido o de 37
adquiridos para a Setusa).
Entre 1997 e 2001, as linhas 2514 e 5206 receberam
todos os GV Scania F113HL que pertenceram às linhas 510 e 511.

07158+Marcopolo+Viale+OF

2001 foi um ano de renovação expressiva nas linhas.
Com a saída dos GVs, as linhas foram renovadas. A linha 2514 recebe 2 veículos
novos e 3 remanejados, e o 5206 tem a sua frota integralmente renovada com
modelos até então inéditos no corredor 2. O Viale estreou no 5206, com os
carros 0727 e 07181, o sucessor do GV. Também vieram os carros 07124 e 07199,
Viale e Pluss, respectivamente, os quais foram os primeiros com vista
eletrônica do corredor, junto a 07148 e 07150 que foram adquiridos para o 2514.
Os dois últimos, Urbanuss Pluss. O modelo ainda marcou presença no 5206 através
dos carros 0779 e 0792. Além desses, o carro 0795, ex-integrante do 511, é
remanejado para o 2514.
A linha 5206 recebe um dos primeiros 1722 de João
Pessoa, o carro 07151. Em 2006 chega o carro 07117, e em 2009 o carro 07106, o
qual era o antigo 0741 da empresa, só rodando por um ano com este prefixo no
5100. Curiosamente, o veículo que viria a ser o 07106 começou a rodar na linha
5206, só ficando na linha por um dia – o primeiro de circulação do veículo.

07151+Marcopolo+Viale+OF

Em 2008 a linha 2514 recebe o carro 07184, carro
que a linha perderia junto com a vaga para a linha 209-Cidade Verde, meses
depois de sua estreia.
O Torino 2007 entra pela linha 2514 com o carro
07130, e pelo 5206 pelo 0779. Em 2010 entra na linha 2514 o carro 0718, e no
5206 o 07123, ambos os carros do lote entregue em janeiro do mesmo ano na Estação
Ciência. Ainda em 2010 a linha 2514 recebe o carro 0767 da linha 2515 – a linha
tinha ido para a Reunidas.

m+f

Outro remanejado a compor a frota do 2514 é o 0771,
oriundo da linha 1500. Ele passa a integrar a linha em 2008.
As linhas hoje
rs1

Muitos dos fatores que levaram às linhas 2514 e
5206 a perderem importância dentro do corredor 2 se explicam a partir do
próprio itinerário das linhas. Em linhas gerais os fatores que levam as linhas
a serem os circulares de menor demanda de João Pessoa – e elas são do mesmo
terminal da linha 301, a de maior demanda de Mangabeira – podem ser resumidos
em três fatores básicos:

  • Falta de atrativo que leve os passageiros a usarem a linha como
    opção de mobilidade;
  • Itinerário executado por outras linhas que já trafegam pelos mesmos
    destinos;
  • O quadro de horários estabelecido pela Semob, que coloca as linhas
    passando junto de suas concorrentes diretas;
É comum falar em toda história de alguma linha que
determinadas linhas tem problemas de atrasos e superlotação – com o 2514/5206 o
problema é completamente oposto. Em alguns momentos do dia o intervalo das
linhas é baixo, e superlotação é um sonho para a linha. É muito raro ver um
veículo dessas linhas lotado.
A linha 2514 possui um carro a menos do que o 5206
justamente por conta da demanda de volta ser mais alta que a de ida. Foi o
mesmo fator que levou a linha 2515 a ter também um carro a menos em relação ao
5210. Os carros que saíram das duas linhas foram direcionados para a linha 209.
A linha 2514 é composta pelos veículos 0718, 0767,
0771 e 07130. Uma curiosidade é que o carro 0767, antes de fazer a linha 2514,
foi integrante da linha 2515, tendo migrado para a co-irmã quando o 2515 foi
transferido para a Reunidas.

rs

A linha 5206 é composta pelos veículos 0713, 0727,
07106, 07117 e 07123. O carro 0713 é o primeiro OF-1721 Euro V da Transnacional
a trafegar no corredores 2 e 5; o carro 0727 é o único ex-RJ da linha, tendo
sido o único do lote de 12 veículos ex-Transportes Santo Antônio a ter composto
a frota municipal de Duque de Caxias (além de também já ter composto a frota
intermunicipal como os outros 11 veículos). O carro 07106 é o ex-0741 da
empresa, renumerado com o número do Viale quando da chegada do Torino que por
curiosidade havia chegado da Ciferal com esse prefixo. 

mf3mf
tc