Série Histórica: Os opcionais nos anos 70 e início dos 80

Fonte: Rota Bus PB Matéria/Texto: Kristofer Oliveira Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Conforme prometido na postagem histórica dos anos 70, ainda em março, hoje a postagem abordará o serviço opcional ...

Fonte: Rota Bus PB
Matéria/Texto: Kristofer Oliveira
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

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Conforme prometido na postagem histórica dos anos 70, ainda em março, hoje a postagem abordará o serviço opcional nos anos 70 e início dos 80. Na imagem superior, tem-se o Caio Carolina da Empresa Roger fazendo o serviço na atual linha 517 – Castelo Branco.

O registro mais antigo desse sistema diferenciado que eu e o Paulo encontramos foi a sua implantação em 1976, sendo operado pelas empresas:


* Senhor do Bonfim – 4 ônibus na linha de Tambaú;

* Roger – 2 ônibus na linha do Castelo Branco;

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* Mandacaruense – 2 ônibus na linha de Mandacaru;
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1976
* Etur – 5 ônibus na linha do Distrito Industrial
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Dentre os principais argumentos utilizados para a implantaçãodos opcionais foi a suposta eficiencia de transporte dentro da cidade nos moldes de “semi-expresso”, que beneficiava apenas uma parcela da população que era obrigado a utilizar o sistema público de transporte.
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Micro da Etur

O único conforto e diferencial dos opcionais dessa época era a proibição de passageiros em pé e geralmente a capacidade dos ônibus era de 24 lugares. A outra característica é que a cobrança da passagem era realizada por uma jovem que se sentava ao lado do motorista, sendo, assim, o registro pessoense mais antigo de mulheres trabalhando no sistema de transporte por ônibus.

Com pouco tempo de implantação, as reclamações vieram à tona: o não-cumprimento do seu trajeto completo nos sábados, domingos e feriados, uma vez que faziam seu ponto-final no Parque Solón de Lucena; Uma parcela da população se sentia prejudicada com esse sistema porque a quantidade e qualidade dos convencionais não eram satisfatória para atender a demanda.

O outro grave problema foi a violação do artigo nono do Código Nacional de Trânsito vigente na época, em que proibia a recusa dos passes-livres e o abatimento de 50% dos estudantes.

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Ainda na segunda metade dos anos 70, após muita reclamação e insatisfação dos usuários, o sistema foi desativado. Porém, antes disso, já havia planos para a implantação do sistema executivo, em que os ônibus teriam característica de rodoviários, com ar condicionado (coisa que só viria a acontecer no ano 2000), música ambiente, poltronas reclináveis e cortinas, sendo implantado inicialmente na linha de Tambaú, com a tarifa sendo proporcional a quilometragem. Na prefeitura pessoense chegou a tramitar o projeto e seu pedido de concessão, coisa que só aconteceu nos anos 80.

No fim dos anos 70, com a grave crise do petróleo que atingiu o Brasil, o retorno dos opcionais foi cogitado pela prefeitura de João Pessoa, pois com os constantes aumentos na gasolina forçou a classe média a deixarem os carros em casa e aderirem ao transporte por ônibus. Conforme planejado pelo prefeito Damásio Franca, eles retornariam em janeiro de 1980, e com o conforto e comodidade que ofereceriam seriam de fato “opcionais”, pois, o que foi implantado outrora, os ônibus não diferenciavam em nada dos convencionais, exceto o fato de proibirem passageiros em pé. Eles rodariam nas linhas de Tambaú, Cabo Branco e Distrito e fariam apenas três paradas ao decorrer dos seus itinerários. E conforme exemplos tidos desse sistema em outras capitais, tudo indica que daria certo dessa vez.

Os anos 80 chegou e nada dos opcionais serem implantados. O país ainda está dentro de uma grande crise do petróleo, além da inflação econômica. No fim dos anos 80, as empresas de ônibus chegam a fazerem racionamento de diesel, causando grandes transtornos aos passageiros com a diminuição da circulação dos ônibus. Esse cenário gera
uma certa controvérsia…como o sistema opcional será implantado se as empresas estão quase quebradas e sem ter o diesel disponibilizado no mercado?

A EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos), através do programa de renovação e aperfeiçoamento do sistema de transporte por ônibus do Ministério dos Transportes, anunciou em 1980 a disponibilização de 48 milhões de Cruzeiros a João Pessoa, para cumprimento do referido programa, na qual parte dessa verba seria destinado para a aquisição dos ônibus que fariam o sistema opcional, sendo previsto sua circulação a partir de janeiro de 1981. Mais uma vez a previsão não se cumpriu, talvez por problemas burocráticos.

Em março de 1981, após a Etur adquirir 10 Monoblocos, sendo seis destinados para o serviço opcional, contando com 44 lugares, poltronas reclináveis, som ambiente, cortinas e serviço de rodomoça a bordo, o Ministro dos Transportes, Eliseu Resende, visita João Pessoa e confere de perto o resultado da aplicação financeira do ministério no sistema pessoense. Na mesma semana, os ônibus são expostos durante todo dia em frente ao Palácio da Redenção, e no fim do dia, o Governador Tarcísio Burity e sua comitiva a bordo, composta de empresários e autoridades, dirigiram-se até o pátio da Paradiesel para a solenidade de entrega.

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Finalmente no dia 16 de março de 1981, o novo sistema opcional, pioneira na modalidade Executivo passou a funcionar na linha do Distrito. A tarifa custava 20 Cruzeiros, o dobro da passagem convencional. Após sua aceitação e consolidação, foram implantadas nas linhas de Tambaú e Cabo Branco, tendo estas seu percurso estendido até o Centro Administrativo.

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Monobloco opcional executivo da Etur na linha do distrito

O fato de apenas certas linhas serem contempladas por esse serviço diferenciado se deve ao seguinte: eram destinados para apenas uma parcela da população de classe média que ao decorrer da crise do petróleo se viram obrigados a deixarem os carros em casa e utilizarem os ônibus. Boa parte dessa parcela da população moravam em Tambaú, Cabo Branco, Jaguaribe, Cruz das Armas (uma parte do bairro) e bairros circunvizinhos considerados nobres. Na certa, trabalhavam no centro de JP ocupando cargos de destaque em lojas, bancos e órgãos públicos (daí o pq as linhas de Tambaú e Cabo Branco opcional passarem no Centro Administrativo estadual e municipal na época), além de ocuparem cargos importantes em indústrias e fábricas implantadas no Distrito Industrial.