VLT é a aposta para atrair novos usuários para o transporte público e desafogar trânstio de JP até 2014

Fonte: Portal Correio Matéria/Texto: Wanja Nóbrega Fotos: Divulgação Garantir a mobilidade urbana é um dos desafios que os prefeitoscomover nos espaços urbanos para realizar atividades cotidianas em ...

Fonte: Portal Correio
Matéria/Texto: Wanja Nóbrega
Fotos: Divulgação

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Garantir a mobilidade urbana é um dos
desafios que os prefeitoscomover nos espaços urbanos
para realizar atividades cotidianas em um tempo hábil e de maneira segura
interfere diretamente na qualidade de vida da população. Durante muito tempo os usuários de
transporte público, principalmente das cidades de médio e grande porte,
imaginaram que o problema da mobilidade urbana se resolveria com a aquisição de
veículo próprio, como carro ou moto.
Somadas a esse pensamento, as
facilidades oferecidas para financiamentos fizeram com que as frotas de
veículos aumentassem exponencialmente nas áreas urbanas e o resultado é o que
se vive hoje: um trânsito que beira o caos, que facilita a ocorrência de
acidentes, que lota os hospitais, que causa estresse, que prejudica a economia
e que custa caro ao poder público.  
Para ajudar os gestores a lideram com
a questão, o Governo Federal resolveu acender a luz do fim do túnel, com a
inclusão de uma nova rubrica no Programa de Aceleração do Crescimento: o PAC
Mobilidade Grandes Cidades. Lançado em abril deste ano e associado ao PAC
Equipamento, o programa contempla 43 empreendimento de 51 cidades brasileiras,
entre elas João Pessoa. 
O programa se resume, basicamente, a
liberar recursos para implantação de sistemas de veículos leves sobre trilhos
(VLT), que associados aos Bus Rapid Transit (BRT) resultarão num novo conceito
em transporte público, capaz de interligar toda a microrregião composta pela
capital paraibana e suas três principais cidades limítrofes, Cabedelo, Santa
Rita e Bayeux.  
O superintendente da Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU – João Pessoa), Lucélio Cartaxo, prevê que os
VLT entrarão em operação no primeiro semestre de 2014 e mudarão completamente o
conceito de transporte público. “O sistema terá pontualidade nos horários e
será integrado a outros meios de locomoção, reduzindo de maneira significativa
o tempo das viagens e com baixo custo para o usuário”, resume.
Lucélio acredita que o novo sistema
será capaz de fazer o que nenhuma medida ou investimento no setor foi capaz até
hoje: atrair os usuários de veículos particulares para o transporte público e,
assim, provocar efeitos positivos no trânsito de maneira geral. “Quando as
pessoas verem que o VLT é eficiente, confortável, seguro, pontual e barato vão
acabar utilizando-o para irem ao trabalho e a outros compromissos, deixando os
carros particulares para os passeios em família”, prevê.
Compartilhando da ideia de que “uma
cidade avançada não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que
os ricos usam transporte público” – apregoada por Enrique Peñalosa, ex-prefeito
de Bogotá (Colômbia) e consultor em trânsito –, Lucélio Cartaxo não acredita
que as pessoas deixam de usar transporte público por preconceito, mas por não
acreditarem em sua eficiência. “Quando o novo sistema tiver em operação, seu
próprio funcionamento será capaz de atrair, gradativamente, novos usuários, em
especial aqueles que possuem veículos próprios”, reforça.
Apesar do otimismo, o superintendente
sabe que enfrentará alguns desafios. Para que o novo sistema tenha a eficiência
prevista é necessária a implantação de corredores expressos para ônibus em João
Pessoa, Santa Rita, Bayeux e Cabedelo. Se isso não acontecer, o VLT se tornará,
apenas, o substituto de luxo dos trens urbanos que hoje atendem às quatro
cidades.
Segundo Lucélio, os prefeitos sabem
que precisam resolver os problemas de mobilidade urbana e que o tema está sendo
tão cobrado pela população quanto ações em áreas como Saúde e Educação. “A
população cobrará empenho dos gestores, que terão que manter investimentos
constantes no setor se quiserem que suas cidades funcionem  e sejam
capazes de atrair investimentos privados”, sentencia.
Melhor
do que a encomenda
O processo de licitação para
implantação dos VLT na microrregião de João Pessoa foi concluído no último dia
de outubro deste ano. A empresa cearense Bom Sinal Indústria e Comércio será a
responsável pelo fornecimento dos veículos. São oito VLT que deverão chegar à
capital em maio de 2014, ao custo médio de pouco mais de R$ 9 milhões cada
unidade.
Lucélio explica que sempre acreditou
na modernização dos trens da CBTU na Paraíba, mas a solução foi bem mais
eficiente do que apenas a substituição dos trens. “Nossos veículos estão em
operação há 60 anos e isso torno o sistema ferroviário atual pouco eficiente,
sujeito a atrasos e quebra de carros de passageiros, tornando-o também oneroso,
em detrimento do valor da tarifa, que é de R$ 0,50”, analisa.
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Além disso, o superintendente explica
que a velocidade média dos trens em operação hoje é baixa (apenas 25 Km/h), o
que implica em um tempo longo nos percursos. Para se ter uma ideia, os 30
quilômetros de ferrovia que separam as cidades de Santa Rita e Cabedelo são
percorridos em 50 minutos. Quando o passageiro desce em uma das nove estações
que compõem o sistema ferroviário local, precisa se deslocar para uma parada de
ônibus para concluir o trecho.

Como o novo sistema
será integrado, as estações serão dotadas de terminais, onde terão os BRT para
atender a esses passageiros. Segundo Lucélio, é a integração entre os VRT e BRT
que tornará o novo sistema atraente para novos – e exigente – usuários. 

Enquanto
isso, em João Pessoa
Mesmo estando em fim de mandato, o
atual prefeito de João Pessoa, Luciano Agra (sem partido) está tão otimista
quanto o superintendente da CBTU no sentido de implantar um novo conceito em
transporte público na Capital.
Em sua gestão, várias intervenções
foram feitas no sentido de melhorar a fluidez do trânsito e dar ao cidadão mais
segurança. Entretanto, as ações implementadas foram sempre no sentido de
resolver problemas pontuais, cuja ineficácia pode ser vista nas vias urbanas,
principalmente nos horários de pico.
Na início deste mês, Agra resolveu
dar um passo mais largo e assinou um convênio com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), no valor de pouco mais de R$ 766 mil, para elaboração de
estudos que resultem em um diagnóstico detalhado e, consecutivamente, num Plano
de Reestruturação do Transporte Coletivo de João Pessoa. É bom lembrar que
qualquer ação de trânsito ou transporte público na Capital tem reflexo direto
em suas cidades limítrofes, em especial Santa Rita, Bayeux e Cabedelo.
O estudo já teve início no último dia
12 e tem previsão de conclusão em julho de 2013. O trabalho começou com o
levantamento da demanda atual por transporte público, levando em conta também a
demanda reprimida, ou seja, as pessoas que utilizam transporte particular e que
poderão migrar para os meios coletivos.
Estudo semelhante foi realizado há 30
anos, quando população e frota de veículos eram significativamente menores. As
ações do Plano pretendem resultar em medidas previstas no PAC Mobilidade das
Grandes Cidades.
Em
Santa Rita, o problema atingiu níveis intoleráveis
O prefeito eleito de Santa Rita,
Reginaldo Pereira ((PRP), o problema da mobilidade urbana no município atingiu
níveis intoleráveis. Apenas uma empresa de transporte público está habilitada
para fazer o transporte de cerca de 30% da população local que trabalha e
estuda em João Pessoa. “O ideal é que tenhamos corredores expressos de acesso,
com avenidas bem pavimentadas veículos seguros e eficientes”, disse.
Entretanto, a realidade de Santa Rita
é outra. O transporte chamado de alternativo é o que o prefeito chama de “a
salvação da população” que depende de meios coletivos para se locomover.
Reginaldo Pereira afirmou que está
sensível ao problema de trânsito e mobilidade urbana. Mesmo o município não
tendo receita própria para nenhum investimento no setor. Em relação ao sistema
de VLT, ele diz que quer discutir sobre o assunto que qualquer medida que
melhore a situação caótica que se encontra será bem vinda.
O prefeito eleito informou que já
esteve com o Governador e este lhe garantiu ajuda para melhorar a malha viária
urbana de Santa Rita. “Também já tive informações de que os investimentos que
João Pessoa receber do Governo Federal para o setor serão extensivos à Santa
Rita por fazer parte da mesma microrregião”, diz.
 “João Pessoa não tem para onde
crescer, senão para Santa Rita, por isso é necessário que o Governo do Estado
pense na implantação de novas vias, como um corredor expresso ligando o
Distrito Industrial (João Pessoa) ao Conjunto Marcos Moura (Santa Rita)”,
exemplificou o prefeito.
Cabedelo
quer acabar com dependência da BR230
O prefeito eleito de
Cabedelo, José Maria de Lucena Filho – Luceninha (PMDB) –, diz que pela
primeira vez a cidade terá um gestor que incluirá a mobilidade urbana como uma
de suas pautas prioritárias. Ele diz que não tem como pensar na infraestrutura
da cidade sem incluir um estudo que resulte em ações efetivas para melhorar o
trânsito e o transporte local. 

O trânsito da cidade é diferenciado
por causa do porto, que gera uma média de 1.000 caminhões trafegando em sua
área urbana diariamente. “É preciso uma mudança na estrutura do trânsito,
apresentando alternativas para a entrada e saída de veículos em Cabedelo”,
analisa o prefeito. Ele disse que já está conversando com outros prefeitos para
elaboração de projetos que acabem a dependência da cidade da BR 230.
Em relação ao transporte público, o
prefeito sabe que o serviço oferecido hoje não atende satisfatoriamente, uma
vez que centenas de trabalhadores de outras cidades exercem suas atividades em
empresas de Cabedelo. “Os usuários acabam recorrendo ao transporte alternativo,
que, no final das contas, se torna outro problema para as cidades”, explicou o
prefeito eleito, completando que pretende se reunir com seus colegas das
cidades vizinhas e com o superintendente da CBTU para buscar soluções para o
problema.
VLT
e BRT
vlt x BRTCada VLT será composto por três carros
movidos a tração diesel-hidráulica ou diesel-elétrica, em bitola métrica. Os
carros serão fabricados em caixa de alumínio, tração nas extremidades, com
climatização, reserva de espaços para portadores de necessidades especiais com
sinalização de acordo com a legislação, sistema sonoro interno, cadeiras
acolchoadas e piso antiderrapante.
Já os BRT são ônibus articulados com
20 metros de comprimento e capacidade média para até 160 passageiros. Os
veículos possuem articulação sanfonada, proporcionando comprimento equivalente
a dois ônibus convencionais.
A novidade está no conforto e segurança, superiores
aos ônibus articulados que circulam hoje, e na criação de corredores expressos,
que tornarão o caminho livre para que façam seus trajetos em menor tempo e com
menor desgaste, sem riscos à segurança dos passageiros. 

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