Distribuição de diesel S-50 no Brasil ainda enfrenta questão geográfica

Fonte: Motor Dream Matéria/Texto: Rodrigo Machado – Auto Press Na virada do ano, o Brasil deu um passo importante para a modernização dos modelos comerciais – leves e pesados – vendidos por ...

Fonte: Motor Dream
Matéria/Texto: Rodrigo Machado – Auto Press

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Na virada do ano, o
Brasil deu um passo importante para a modernização dos modelos comerciais –
leves e pesados – vendidos por aqui. Todos os veículos movidos a diesel
fabricados a partir de janeiro deste ano foram obrigados a se adaptar à fase
Proconve P7, equivalente ao Euro 5, que prevê normas de emissão de poluentes mais
exigentes. E uma das principais mudanças é o novo diesel S-50. Como os motores
precisam ser abastecidos com um combustível menos poluente. Só que a opção do
Governo Federal foi vender o S-50 junto com os antigos e mais baratos S-500 e
S-1800. E a distribuição – de extrema importância para os consumidores dos
novos modelos, que podem ter problemas mecânicos sem eles – ainda é irregular.
Seis meses depois do início da medida entrar em vigor, a situação ainda varia
muito dependendo da região.



Isso se dá principalmente pela regra de
distribuição do S-50. A ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis – estipula que qualquer posto que tiver número de bombas de
diesel superior à gasolina/etanol é obrigado a vender o novo combustível. Isso
não impede que o dono de posto de gasolina possa ter a bomba com o novo
combustível em seu estabelecimento, se interessar. Dessa forma, de acordo com a
entidade, hoje são 3.728 postos obrigados a comercializar o diesel S-50 em todo
o Brasil e outros 1.067 vendem o novo tipo de combustível voluntariamente. No
total, são quase 4.800 postos, de um universo que supera os 38 mil revendedores
– pouco mais de 12%.



Uma olhada rápida na lista dos lugares que o
diesel é vendido revela outro problema. A maioria das novas bombas fica nas
estradas, lugares em que, pela lei, estão obrigadas a estar presente. Nas
cidades, onde o número de bicos de gasolina/etanol é geralmente superior, a
proporção cai. Em uma cidade como Belo Horizonte, por exemplo, existem apenas
seis postos cadastrados. Enquanto isso, em Belém, capital com rota rodoviária
comercial bastante usada, são 106. Ou seja, dependendo da localização, a
diferença é absurda. ”

Muitos
postos urbanos já passaram para S-50. Isso já foi constatado. Mas, mesmo assim,
é possível que em cidades menores, possa existir dificuldade para achar o
combustível”,
contemporiza Alísio Vaz, presidente executivo do Sindicom – Sindicato Nacional
das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes.

2(1364)
2(1365)Nas maiores cidades
brasileiras, a distribuição é boa, mas muito mais por iniciativa dos
revendedores. No Rio de Janeiro, por exemplo, são apenas seis obrigatórios e 42
vendendo o diesel voluntariamente. Em São Paulo, são quatro por lei e 28 por
vontade própria. Uma das razões para a oferta ainda tímida é exatamente a
demanda. Apesar de já existirem seis meses de comercialização do diesel, muitas
montadoras fizeram estoques de modelos Euro 3, que ainda são vendidos. “Não
faz sentido colocar uma quantidade absurda de S-50 se não tem cliente para
consumir. A quantidade de postos de hoje é mais que suficiente para a atender a
demanda atual”, se defende
Alísio, do Sindicom, que também informa que a maioria das bombas S-50 está
distante 100 km uma da outra. 

A falta de uma oferta vasta do diesel S-50 fica
mais agravada quando se leva em conta os eventuais prejuízos de se usar um
combustível menos puro nos modelos mais modernos. ”

A
tecnologia é bastante robusta e até permite a utilização de um diesel com mais
enxofre, mas apenas se for algo temporário. Se isso acontecer em uso
prolongado, alguns componentes terão sua vida diminuída, caso do catalisador,
por exemplo. E como são peças de alto teor tecnológico, são caras em termos de
reposição”, avalia
Marco Liccardo, diretor do centro de desenvolvimento da Iveco em Sete Lagoas. 

Entre os comerciais leves, o discurso é
semelhante. A Volkswagen Amarok, por exemplo, a situação é mais delicada. Por
ser equipada com um motor feito especialmente para o Euro 5 – desenvolvido na
Europa –, o uso do diesel antigo pode acarretar problemas maiores. A marca
avisa que os principais contratempos podem surgir no filtro de partículas,
sobrecarregado com alta quantidade de enxofre. Já na Toyota, fabricante que usa
um motor adaptado às novas normas de emissão, existe até a possibilidade de uso
do combustível antigo. Mas sob pena de eliminação dos benefícios, como a
redução na emissão de poluentes e menor consumo.



Ou seja, existe a real necessidade do
abastecimento dos veículos mais modernos com o S-50. Eles são praticamente
obrigados a rodar com ele a fim de manter os benefícios prometidos – e cobrados
– pelas marcas. A despeito disso o combustível é distribuído de forma quase
arbitrária, sem tanto compromisso. Uma contradição que corre risco até de
eliminar as óbvias vantagens da modernização da frota nacional.